Alberto Caeiro :: Se depois de eu morrer / Por Mário Viegas

VÍDEO_POEMA_031

Alberto Caeiro [Fernando Pessoa (1888-1935)]
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia” [1915] in Poemas Inconjuntos (1925).

Declamado por Mário Viegas no programa Palavras Ditas da RTP.
Música: Hecq, “Lost for words” (“Hypnos Trilogy”, Part II) in «Steeltongued» (2009)

Filmado no Parque Nacional Plitvice Jezera (Croácia)

OUTROS POEMAS DITOS POR MÁRIO VIEGAS:
Alberto Caeiro, "Se eu morrer novo":    • Видео  
Ruy Belo, "Morte ao meio-dia":    • Ruy Belo :: Morte ao meio-dia / Por M...  
Jorge de Sena: "Carta a meus filhos sobre os Fuzilamentos de Goya":    • Jorge de Sena :: Carta a Meus Filhos ...  
Álvaro Feijó, "Natal":    • Álvaro Feijó :: Natal / Por Mário Viegas  
Ruy Belo, "O Portugal futuro":    • Ruy Belo :: O Portugal Futuro / Por M...  
Manuel Alegre, "Estou triste":    • Manuel Alegre :: Estou triste / Por M...  


POEMA:

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.