Projeto que prevê a ligação do sertão nordestino ao oceano promete transformar a região em polo exportador do país — mas os entraves ainda são muitos.
Rasgando o sertão ao meio, a Ferrovia Transnordestina é um projeto ousado. Nos canteiros de obra e trilho atrás de trilho, tudo é monumental. Depois de três anos parada por uma decisão do Tribunal de Contas da União, as obras voltaram a todo vapor entre agosto e setembro passados e, quando encerradas, prometem inserir o Nordeste como polo exportador brasileiro de grãos e minério de ferro. “É um grande desafio, mas estamos animados com a construção da ferrovia”, afirma Jorge Mello, presidente da Transnordestina S.A., subsidiária ligada à Companhia Siderúrgica Nacional responsável pelas obras.
O repórter Victor Irajá e o fotógrafo Jonne Roriz percorreram parte do trecho já construído, entre o Ceará e Pernambuco, e os desafios para ligar o Brasil por trilhos está expresso em reportagem de VEJA. Apesar de ainda longe do fim das construções, previsto para 2027, os impactos para a região já podem ser sentidos.
A obra representa um gigantesco desenvolvimento para o sertão. Fora os 1.200 empregos diretos criados diretamente pela construção da estrutura, possibilita também a criação de vagas indiretas na região. “Somos tão pobres que qualquer atividade que gere 100 ou 200 empregos é suficiente para movimentar nosso comércio e impactar a economia local”, explica o prefeito da pequena Cedro, Francisco Nilson Diniz (PDT-CE).
O projeto consiste na ligação do sertão aos portos de Pecém, no Norte do Ceará, e Suape, em Pernambuco, e é majoritariamente financiado por recursos do Governo Federal, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, e o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Nordeste, o FNDE.
Dos 1.753 quilômetros previstos, cerca de 600 estão concluídos. Se o desafio de engenharia é grande, o custo é proporcional: 13 bilhões de reais. O problema é que, apesar de todos os recursos aplicados desde 1998, ainda faltam 6,8 bilhões de reais para a conclusão, e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não está contente com o andamento e ameaça o rompimento do contrato com a CSN. O Brasil, contudo, não pode parar.
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