No retrovisor do Impala: o problema do tempo em 'Os detetives selvagens'

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OFICINA DE TEORIA DO ROMANCE

Ministrada pelo Mestrando Caio Marques Peçanha

Há pelo menos três sentidos em que figura o problema do tempo no livro Os detetives selvagens (2006), de Roberto Bolaño. Talvez pudéssemos identificá-los como “os tempos da polifonia”, “o tempo do retorno” e “o tempo da construção”, este quiçá fiador do movimento que integra os dois primeiros. Ao menos desde a célebre formulação de Gyorg Lukács (2009, p.129), segundo quem, dada a separação entre sentido e vida, “quase se pode dizer que toda a ação interna do romance não passa de uma luta contra o poder do tempo”, revelando-o como princípio constitutivo da forma, o tema é ponto incontornável de debate. No romance escrito pelo romancista chileno, laureado com o prêmio Rómulo Gallegos de 1998, captura os olhos do leitor a complexa e plural estrutura temporal. Constituído por três eixos, sendo o intermediário um conjunto de entrevistas colhidas ao longo de um período de vinte anos (1976-96), e os restantes anotações pessoais - em forma diário - do jovem poeta Juan García Madero, que compreendem os últimos meses de 1975 e os primeiros de 1976, o livro toma forma às custas das aproximações e distanciamentos entre as histórias, bem como através da ordenação temporal heterodoxa. Uma vez que a precária conexão entre as partes remete à presença mais ou menos constante, quer seja no diário ou nas entrevistas, dos protagonistas Arturo Belano e Ulises Lima - aos quais nunca é concedida a palavra, e sobre quem as impressões transmitidas não raro são laterais no interior da trama fornecida pelo narrador específico -, seria lícita a especulação em torno de um sentido? O escrutínio das técnicas de composição, chave para uma eventual resposta, passa aqui pelo diálogo intenso com obras consagradas e suas respectivas interpretações por figuras como Georg Lukács, Theodor Adorno e Jacques Rancière.

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