Pode existir VIDA em VÊNUS?

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Carl Sagan foi um dos mais influentes astrônomos e astrofísicos do século XX, conhecido por suas contribuições para a ciência planetária e pela popularização da ciência. Nascido em 9 de novembro de 1934, em Brooklyn, Nova York, ele entrou na Universidade de Chicago em 1951, aos 16 anos, onde obteve seu bacharelado em Física em 1954 e um mestrado em 1955. A partir daí, Sagan iniciou sua carreira acadêmica na área de Física, mas rapidamente se voltou para a Astronomia e a Astrofísica, obtendo seu doutorado em 1960. Durante seus estudos de pós-graduação, trabalhou com cientistas renomados como Gerard Kuiper e Harold Urey, o que o levou a se interessar profundamente pela exploração planetária e pela busca de vida extraterrestre.

Uma das contribuições mais notáveis de Carl Sagan foi a proposta da possibilidade de vida nas nuvens de Vênus. Em 1967, Sagan, em colaboração com o biofísico Harold J. Morowitz, publicou um artigo intitulado "Life in the Clouds of Venus?" na revista Nature. Neste artigo, eles argumentaram que, apesar das condições infernais da superfície de Vênus, onde a temperatura ultrapassa 465°C e a pressão atmosférica é esmagadora, as camadas superiores da atmosfera venusiana poderiam ter condições mais amenas. Em altitudes de 50 a 60 km, a temperatura varia entre 30°C e -70°C, e a pressão é semelhante à da Terra. Nessas condições, Sagan e Morowitz sugeriram que microrganismos poderiam sobreviver flutuando nas nuvens, potencialmente utilizando gotículas de ácido sulfúrico diluído como habitat e o dióxido de carbono abundante como fonte de carbono. Essa ideia pioneira abriu novas possibilidades na busca por vida em ambientes extremos, inspirando pesquisas e missões futuras.

Décadas depois, a ideia de vida nas nuvens de Vênus ganhou uma reviravolta intrigante. Em junho de 2017 e junho de 2019, usando o telescópio James Clerk Maxwell (JCMT) no Havaí e o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile, os astrônomos detectaram a presença de fosfina (PH₃) na atmosfera de Vênus, aproximadamente a 50-60 km de altitude. A descoberta, anunciada em setembro de 2020, foi surpreendente porque a fosfina, na Terra, é geralmente associada a processos biológicos em ambientes anaeróbicos, como em pântanos ou intestinos de animais. As condições altamente ácidas das nuvens de Vênus tornam difícil explicar a presença de fosfina por processos químicos conhecidos, o que levou os cientistas a considerarem, embora de forma cautelosa, a possibilidade de uma origem biológica. Esta descoberta despertou um grande interesse na comunidade científica, pois traz à tona questões sobre a habitabilidade de ambientes extremos.

Carl Sagan faleceu em 20 de dezembro de 1996, aos 62 anos, devido a complicações de uma rara doença da medula óssea chamada mielodisplasia. Mesmo após sua morte, o legado de Sagan continua a influenciar a ciência planetária e a busca por vida extraterrestre, especialmente em locais que ele vislumbrou como possíveis abrigos para formas de vida alienígena, como as nuvens de Vênus.
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