"Língua Pomerana, Língua Brasileira. História, memória e reconhecimento".
Documentário realizado pelo colaborador Arno Stuhr
Um idioma praticamente esquecido na Europa, mas que resiste no Brasil.
O projeto Inventário da Língua Pomerana (ILP), uma pesquisa coordenada pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), sediado em Florianópolis, foi realizada para conhecer a situação atual da língua pomerana presente em alguns estados do Brasil e credenciá-la para reconhecimento como Referência Cultural Brasileira, conforme previsto no Decreto Federal 7.387, de dezembro de 2010.
O projeto foi concluído em 2022 e apresentou resultados diversos: um livro de título “Inventário da Língua Pomerana, língua brasileira de imigração”; um aplicativo para celulares “Vocabulário de Línguas Brasileiras – Pomerano (VOLB-Pomer)” uma iniciativa inédita, concebida como um sistema web aberto e interativo, que se converteu em um instrumento de registro e promoção da língua pomerana no Brasil. Estreou também um documentário “Língua Pomerana, Língua Brasileira: História, memória e reconhecimento”, realizado pelo colaborador Arno Stuhr. Realizou também Encontros de Falantes como forma de valorizar a tradição linguística e cultural, tão forte na região serrana do estado do Espirito Santo.
O Pomerano, falado na região hoje compreendida pelo nordeste da Alemanha e noroeste da Polônia, é a língua mais falada na cidade de Santa Maria de Jetibá no Espírito Santo, que abriga grande número de imigrantes pomeranos no Brasil.
Rosângela Morello, coordenadora do IPOL e organizadora do livro juntamente com Mariela Silveira, destaca que a ideia de realizar o Inventário da Língua Pomerana: língua brasileira de imigração (ILP) surgiu muito antes da publicação do Decreto 7.387 de 2010, que instituiu a política do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Relembra que já em 2006, durante o Seminário de Criação do Livro de Registro das Línguas, promovido pelo IPHAN e IPOL, na Câmara dos Deputados, em Brasília, entre os depoimentos emocionados de falantes e representantes de várias comunidades linguísticas brasileiras estavam representantes do povo pomerano do Espírito Santo como Sintia Bausen. Foi a partir dali que se iniciou uma parceria muito produtiva entre o IPOL e as comunidades pomeranas capixabas, gerando condições para a realização conjunta de várias políticas linguísticas, entre as quais se destacam i) as audiências para a cooficialização da língua pomerana em Santa Maria de Jetibá, ii) a construção de um parecer jurídico para ampa- rar a legislação municipal sobre a cooficialização do Pomerano, uma língua de descendentes de imigrantes, de estatuto distinto daquela das indígenas cooficializadas em São Gabriel da Cachoeira, cuja autonomia se amparava também na Constituição Federal de 1988, e iii) o primeiro censo linguístico municipal no mesmo município de Santa Maria de Jetibá.
“O Inventário da Língua Pomerana, se constitui enquanto ferramenta para o fortalecimento e o reconhecimento do mosaico sociocultural brasileiro, rico pela sua diversidade linguística”, disse a pesquisadora Mônica Savedra, coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Contato Linguístico, da Universidade Federal Fluminense (Labpec/UFF). Sobre o Encontro de Falantes, Monica destaca que “foi um encontro de extrema importância para a diversidade etnolinguística cultural brasileira”. O Pomerano torna-se assim um patrimônio imaterial brasileiro, uma referência cultural brasileira, cumprindo a política proposta pelo Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), sendo a quarta língua a ser inventariada ao lado da LIBRAS (Libras Brasileira de Sinais), Hunsrückisch e Guarani-Mbya.
O Pomerano é uma língua de migração, co-oficializada em oito municípios no Brasil: seis no Espírito Santo, um em Santa Catarina e um no Rio Grande do Sul e em alguns municípios, como por exemplo em Santa Maria de Jetibá, comunicar-se nessa língua extrapola o ambiente familiar. Pessoas de diversas faixas etárias falam pomerano no trabalho, no comércio, nos postos de saúde e em diversas outras ocasiões.
O documentário foi produzido como um dos produtos do Inventário da Língua Pomerana (ILP) realizado em diversos municípios dos estados do EspíritoSanto, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A pesquisa foi coordenada pelo IPOL (instituto de Investigação e Desenvolvimento em Políticas Lingusiticas) para conhecer a situação atual da língua pomerana. O inventário contou com o apoio do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD), Ministério da Justiça e Segurança Pública. O documentário foi apresentado no Encontro de Falantes da Língua Pomerana realizado em 12 e 13 de agosto de 2022 em Santa Maria de Jetibá, ES.
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