O que é um Noturno? É só um estilo de Chopin?

Todo mundo que já se interessou um pouquinho por música para piano, e também quem não se interessou, provavelmente já ouviu falar sobre os Noturnos de Chopin. Aí a pessoa pode pensar "-- Noturno? É um estilo de música para se ouvir à noite?" Será que está certo isso? De onde vem o nome "Noturno" e que tipo de composição é essa?

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Apesar do fato de que quem fala Noturno, fala Chopin, quem aparentemente primeiro deu esse nome para peças de piano solo foi o compositor irlandês John Field, que era extremamente admirado por Chopin e que apesar de ter supostamente dito que Chopin era um "talento de enfermaria" (o que quer que seja que isso signifique) parece não ter conhecido muito a obra de Chopin, não.

Muitos outros compositores escreveram noturnos: Liszt (que escreveu seus primeiros noturnos na mesma época que Chopin), Czerny, Scriabin, Rachmaninoff, Fauré, Poulenc, e vários brasileiros também como o grande Henrique Oswald e o Alberto Nepomuceno.

A ideia do Field de escrever peças com o nome de Noturno não é explicada com clareza, mas certamente vem de um tipo de ênfase no século XIX, período romântico, do intimismo e contemplação calma da noite, da melancolia que a noite pode ter, enfim… daquela alegria de viver que o século XIX tinha, né? Em que se falava tanto em suicídio, vício em Ópio, Absinto e por aí vai. O livro "Os Sofrimentos do Jovem Werther", de Goethe, é um bom exemplo disso tudo.

O fato é que as peças consistem em uma melodia na mão direita, com muitas características de melodia vocal de música italiana, acompanhada por acordes quebrados, tudo isso em um andamento calma e de duração curta. Ponto!

Já vi musicólogo associando a origem do noturno com as orações das orações das completas e vigílias cristãs e isso é certamente falso. Não tem nenhuma ligação com práticas religiosas. Outros querem ligar com peças clássicas em 3 movimentos como a Pequena Serenata Noturna de Mozart, mas sinceramente não tem nada a ver com isso também.

É simplesmente uma composição que procura criar um ambiente de nostalgia em uma peça curta. Essa nostalgia pode ser mais doce ou mais triste. A forma da peça pode variar totalmente também.
A gente tem algumas em forma A-B-A, outras em forma de tema com variações, outra em forma de Rondó (onde o tema principal sempre volta, como se fosse um refrão).

O fato é que, no caso específico de Chopin, ele conseguiu ser tão expressivo e fazer o piano cantar de maneira tão perfeita que talvez nada reflita tão bem as possibilidades expressivas do instrumento quanto os seus noturnos. Mais uma vez está aí demonstrado na prática que, quanto mais um instrumento se aproxima da voz humana, mais expressividade ele tem.

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