Epigenética

#Biologia #Epigenética #Genética
Aula voltada para o Ensino Médio e estudantes do ENEM sobre epigenética.
Roteiro logo abaixo.
Devido a falta de espaço não é possível colocar a bibliografia do vídeo, caso queira, entre em contato e eu envio.

Roteiro do vídeo:
Você até agora viu na genética que conjuntos de genes iguais obrigatoriamente devem dar características fenotípicas iguais, como aquela ideia do Aa das ervilhas. Porem isso traz algumas perguntas que não conseguem ser explicadas tão facilmente, como: Se gêmeos univitelinos que possuem os mesmos genes, como eles tem características fenotípicas diferentes?
Esse tipo de pergunta começou a botar uma pulga atrás da orelha de diversos pesquisadores que começaram a observar os genes de uma forma um pouco diferente. Será que o ambiente não poderia modificar a forma com que os genes se expressam? Dessa forma, nós poderíamos ter uma certa quantidade de modificações fenotípicas determinadas pelo ambiente.
Então surgiu em 1940 os estudos sobre a Epigenética, através do biólogo Conrad Waddington, que pressupunha que os genes deveriam ser afetados de alguma forma pelo ambiente que o indivíduo vivia. Porem ele tinha um grande problema, como que seria possível demonstrar isso de forma pratica e cientifica? Conrad durante anos fez diversos trabalhos supondo diversos tipos de interação, porem nenhum deles trazia um teste para suas teorias. Então por conta disso, a genética e a biologia do desenvolvimento andavam separadas.
Muitos outros pesquisadores falaram sobre o assunto e criaram teorias epigenéticas em seus estudos de hereditariedade, como Huxley e Nanney. Porem só em 1970 houve uma primeira teoria testável apresentada aos pesquisadores. A epigenética seria uma modificação química no DNA chamada de metilação e a partir daí as pesquisas sobre o assunto começaram a bombar.
A metilação do DNA em essência é a substituição de hidrogênios (-H) por um metil (CH3) no carbono 5 no anel de citosina do DNA. Quando acontece essa alteração, as proteínas que realizam a transcrição dos genes e o RNA polimerase não conseguem se ligar a essa fita de DNA, logo, a transcrição ignora essa parte do DNA, e em consequência, essa característica fica inativada e outras assumem o lugar dela. Agora caso você não tenha entendido nada disso que acabei de falar, da uma olhadinha na aula de DNA e RNA que tenho certeza que você vai entender.
Em 1987 uma serie de investimentos na área começaram a fornecer subsídios para os pesquisadores entenderem mais sobre o assunto e então uma nova forma de ver a epigenética surgiu, considerando que a epigenética é “o estudo de mudanças na expressão genética que ocorrem não em função de mudanças na estrutura do DNA, mas de alterações especificas na expressão de alguns genes.”
Mas só em 1990 foi possível realizar estudos científicos com comprovação sobre as teorias epigenéticas, e hoje, é uma teoria bastante importante dentro da genética.
Então podemos dizer hoje que a epigenética é basicamente um efeito causado por uma serie de marcas químicas que indicam para suas células quais são as características fenotípicas que são expressas, as chamadas marcas epigenômicas, e ao longo da sua vida, dependendo das suas experiências, essas marcas podem se reorganizar no seu DNA, assim algumas características diferentes serão expressas.
Logo algumas características genéticas podem ou não ser ativadas dependendo de como o ambiente ao seu redor está atuando em você. Por exemplo: Você pode ter genes que fazem você ser mais inteligente que a maioria das pessoas, mas isso só irá acontecer se você tiver uma alimentação correta no início da sua vida. Logo, os genes estão lá, mas só serão ativados se você tiver os marcadores corretos.
Esse tipo de estudo é especialmente importante na infância do indivíduo, afinal, ali nós construímos muitas partes do organismo que irão permanecer para o resto de nossas vidas. Também é bastante utilizado no estudo de doenças psiquiátricas, que podem ser ativas ou não dependendo do ambiente que a pessoa está.
Claro que isso não é restrito apenas a humanos, todos os organismos vivos podem estar sujeitos a esse tipo de interferência, mas já conseguimos observar esse tipo de coisa acontecendo em peixes, porcos, camundongos e macacos.
E esse tipo de estudo não se restringe apenas a área de estudos do desenvolvimento e da genética, ela possui impactos fortíssimos na área de evolução, afinal, se pararmos para pensar, organismos se adaptando a sobreviver dentro de ambientes diferentes é uma premissa sugerida por Lamarck. Mas aí é uma outra grande discussão sobre as implicações da epigenética nessas áreas.
E claro que como toda área da ciência, existem ainda diversos desafios que essa nova área da genética ainda tem que ultrapassar e comprovar, então mesmo a própria essência dos estudos com a epigenética tem sido debatido e testado constantemente, mas para muitos autores e cientistas,