LAMBARI SOBREVOO E HISTÓRIA

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Século XVIII – A Descoberta das Águas e Criação do Povoado

A origem de Lambari está ligada ao nascimento de outra cidade importante: Campanha. Desde o final do século XVII, a região entre o Rio Verde e o Rio Sapucaí foi explorada por aventureiros originários de Bandeira Paulista. Estes homens fixaram-se e exploraram o ouro e as pedras das “minas do Rio Verde”.

Procurando regularizar a exploração das riquezas minerais no território mineiro, o Governo da Capitania enviou ao local, o Ouvidor da Comarca do Rio das Mortes, Sr. Cipriano José da Rocha. No dia 02 de outubro de 1737, o Ouvidor fundou “um arraial em forma de vila”, mandando construir um rancho para si e ordenando aos outros componentes da expedição que fizessem o mesmo; abrissem ruas, praças e construíssem igrejas. Deu o nome ao lugar de arraial de “São Cipriano”.

O local se desenvolveu rapidamente. Em apenas quinze anos já era elevado à Freguesia, recebendo o nome de Campanha do Rio verde, modificado depois para Campanha da Princesa. À medida que crescia, Campanha assistiu ao surgimento, em seu território, de povoação que originaram várias cidades sul mineiras, entre elas, a de Lambari.

Todas as terras situadas às margens do Rio Lambari ficaram conhecidas como “região do Lambari”. Abrangiam os atuais municípios de Jesuânia e Lambari. A palavra ‘lambari’, deriva de ‘arambari’, que por sua vez, é o topônimo ‘araberi’, já modificado. De origem tupi, a palavra significa sardinha, peixinho, fazendo alusão a grande quantidade desta espécie de peixe, encontrada no rio.

A área onde, hoje, se localiza a cidade de Lambari fazia parte de uma grande fazenda, chamada “Fazenda de Trás da Serra”, de propriedade do campanhense Antônio Araújo Dantas. Segundo a tradição local, as nascentes teriam sido descobertas no início da década de 1780, por um grupo de caçadores, após a derrubada da mata que cobria o local.¹

Depois de descobertas, as águas logo ganharam fama, atraindo visitantes de toda a província e de fora dela. A fazenda acabou tendo o nome modificado para “Fazenda das Águas Virtuosas”. Antônio de Araújo Dantas morre em 1812, deixando suas terras para a viúva e onze filhos. A partilha da fazenda demorou anos para ser realizada.

O primeiro trabalho médico de que se teve notícia mencionando as águas minerais de Lambari foi um estudo de Dr. Manoel da Silveira Rodrigues, surgido entre os anos de 1816 e 1826, no Rio de Janeiro, onde são assinaladas as propriedades e indicações das fontes.³

Em 1826, a Câmara Municipal de Campanha convocou Gaspar José de Paiva e João Pinto da Fonseca para avaliarem um terreno de 12 alqueres, ao redor das nascentes, para ser adquirido como patrimônio público. Em ofício dirigido a Câmara, datado de 10 de agosto daquele mesmo ano, o terreno era avaliado em 100 mil réis. A Câmara enviou, então, ofício ao Visconde de Caeté, Governador da Província de Minas Gerais, solicitando medidas em favor da água e do local que, segundo as projeções, formaria ‘um arraial populoso’.4


Dentre as solicitações, destacavam-se, além da compra do terreno avaliado; a drenagem do local, a proteção da nascente, que deveria ser fechada de pedra e cal, a construção de dois tanques de banho (para leprosos e doentes de moléstias contagiosas), e a construção de casas de aluguel para os doentes.

Nos anos seguintes, entre 1830 e 1832 foram adquiridos de herdeiros de Antônio de Araújo Dantas a área de 12 alqueres e providenciado o arruamento e alinhamento dos ranchos no local, além de concessão de lotes para construção de casas.

Constava como logradouros da povoação, em 1834, os Largos da Fonte, da Capela e do Garcia; as ruas, Direita, Formosa, Solitária, São Gonçalo e Nova e as Travessas das Jabuticabeiras e do Hospital. Esta última recebeu este nome devido à concessão de terreno feito ao médico inglês, Thomaz Cockrane, para construção de uma enfermaria para os usuários das águas. Porém, a edificação não foi efetivada.

Em 1836, a “Fazenda das Águas Virtuosas” foi finalmente dividida entre os herdeiros; muitos repassando sua parte nos terrenos a outros, fazendo surgir um emaranhado de pequenas propriedades ao redor da povoação. A Câmara Municipal de Campanha adquiriu mais algumas terras, aumentando a área do patrimônio público, mas o desenvolvimento do lugar corria lento.

Segundo Almanaque Sul Mineiro, a povoação, em 1837, constava de apenas “uma pequena casa de telhas, algumas choças de sapé e um cercado de esteira no lugar das fontes de águas minerais”.5

No ano seguinte o povoado recebeu a visita do Padre Diogo Antônio Feijó, que permaneceu cerca de um mês fazendo uso das águas. Após esta visita foi criado o cargo de agente fiscal para a povoação e tomadas providências para proteger seu patrimônio.
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