Halitose - Abordagem clínica

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O canal está de volta, postaremos novas aulas todas as quartas-feiras.

Na aula de hoje abordamos o tema "Halitose".

O tema é considerado um tabu para muitos pacientes, por isso, nós cirurgiões-dentistas devemos trazer informação de qualidade para nossos pacientes a fim de proporcionar maior qualidade de vida.

Uma revisão sistemática publicada em 2018 mostrou que cerca de 31,8% da população apresenta halitose, ou seja, quase um terço da população apresenta hálito desagradável e pode ter usufruir de melhora nas suas relações sociais.

Dentre as principais causasa da halitose, destacamos a produção de odorivetores por bactérias anaeróbias gran negativo presentes na boca, e necrose e putrefação de tecidos descamados da mucosa.

Por conta destes motivos a halitose pode apresentar-se de forma fisiológica logo após o indivíduo acordar em 98% da população (Tarzia, O 2004). Durante o sono ocorre aumento da proliferação bacteriana e acúmulo de células descamadas da mucosa, associados à redução do fluxo salivar.

Quando associada a doença periodontal, lesões cariosas e/ou endodônticas, tanto o biofilme quanto o tecido necrótico podem acentuar a halitose.

Destacamos que o uso de goma de mascar sem açucar pode ajudar no controle da halitose, uma vez que as células olfativas dos seres humanos são capazes de identificar apenas um odor de cada vez. Caso o odor da goma de mascar seja mais forte, demais odores não são percebidos. No entanto, essa consiste numa técnica de mascaramento e não de tratamento propriamente dito.

Para verdadeira redução da halitose o primeiro passo é uma boa higiene oral. A utilização de fio dental e escovação diária é primordial. Além disso, destaca-se a utilização de raspadores de língua, muito mais eficientes na remoção do biofilme e saburra lingual.

Enxaguantes bucais devem ser utilizados com caultela. Alguns apresentam alcool na composição que podem descamar ainda mais células e desidratar a mucosa, piorando ainda mais o quadro de halitose.

Enxaguamtes bucais com clorexidina apresentam bons resultados, no entanto, sua utilização de forma prolongada não é recomendada. O uso contínuo de clorexidina pode causar alterações nas papilas gustativas, escurecimento dentário e aumento na deposição de cálculo nos dentes.

Novos enxaguantes à base de dióxido de cloro estabilizado têm apresentado bons resultados. Num ensaio clínico duplo-cego foi observado que o dióxido de cloro foi capaz de reduzir significativamente a produção de moléculas com enxofre mensurados de forma quantitativa na cavidade bucal (Shinada K et al., 2008).

O tratamento da halitose patológica deve ser realizado pelo cirurgião-dentista, lançando mão de tratamentos restauradores e periodontais a fim de reduzir os focos infecciosos na boca do paciente

Caso a halitose persista mesmo com adequado tratamento odontológico, outros fatores sistêmicos devem ser avaliados em conjunto com outros profissionais de saúde

Referências:

Shinada K, Ueno M, Konishi C, Takehara S, Yokoyama S, Kawaguchi Y. A randomized double blind crossover placebo-controlled clinical trial to assess the effects of a mouthwash containing chlorine dioxide on oral malodor. Trials. 2008 Dec 9;9:71. doi: 10.1186/1745-6215-9-71.

Silva MF, Leite FRM, Ferreira LB, Pola NM, Scannapieco FA, Demarco FF, Nascimento GG. Estimated prevalence of halitosis: a systematic review and meta-regression analysis. Clin Oral Investig. 2018 Jan;22(1):47-55. doi: 10.1007/s00784-017-2164-5. Epub 2017 Jul 4. PMID: 28676903.​

Tarzia O. Halitose: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento. Biodonto. 2004 May/Jun;1(2)​

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