Amar (Carlos Drummond de Andrade) por Paulo José

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Amar: Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? Amar e esquecer... amar e malamar. Amar, desamar; amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? Amar o que o mar traz à praia; o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto... o que é entrega ou adoração expectante; e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão. E na concha vazia do amor, a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor. E na secura nossa, amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. (Carlos Drummond de Andrade)

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