Thomaz Del-Negro nasceu em Lisboa, a 5 de Junho de 1850, numa familia originária de Trento, então Tirol austriaco, mas de arreigada cultura italiana e de fortes tradições musicais, tendo o pai e tio, Miguel Ângelo e José Del-Negro respectivamente, sido elemento destacados, como amadores, da celebre Sociedade Filarmonica de Joäo Domingos Bomtempo. Comerciantes ricos, com loja de cristais e vidros na Rua Nova do Almada, regressaram a Itália por perseguiçäo do regime miguelista. Nascido após o regresso da familia a Lisboa, que, sempre fiel, o fez baptizar na Igreja Italiana do Loreto, ficando com a dupla nacionalidade. Aos 7 anos já acompanhava na viola francesa quartetos e quintetos em concertos executados por ele, seu pai e os músicos Maroni, Freitas, Pedro Gazul e Carlos Fiorenzolla. Depois de frequentar com grande aproveitamento o Colégio de Nossa Senhora da Conceição em Lisboa, ingressou aos 11 anos no Conservatório Real de Música, onde fez curso brilhante, ganhando todos os anos primeiros prémios, sendo o aluno mais premiado da época. Antes do fim do curso, com 17 anos, foi escriturado como primeiro-trompa da orquestra do Teatro Real de S. Carlos e supra da Real Câmara e actuou por duas vezes em igual posição nas orquestras dos teatros de S. Fernando, de Sevilha e D. Afonso, de Madrid.
Em 1878, por grave divergência entre a Associaçäo Musical 24 de Junbo, prestigiada organização da classe dos músicos, e a empresa do Teatro de S. Carlos, abandonou o seu lugar, sendo acompanhado pelos principais músicos da epoca; a esta Associação, de que era secretário, resolveu dedicar inteiramente o seu esforço, convidando para reger concertos a grande orquestra, organizados e executados pelos músicos da Associação, os principais maestros europeus de então, como Josephine Amann-Weinlich, Francisco Barbieri, Edouard Colonne, Olivier Metra, Ludwig Brenner e Ernst Rudorf; a Tomaz Del-Negro se deve pois em grande parte a introdução dos concertos de música sinfónica, em que, com o atraso crónico português, foram executadas pela primeira vez no país duas sinfonias de Bethoven, a 5ª e 6ª, assim como música de Haydn, Saint-Saëns, Gounod, Wagner, Weber, Glinka e outros. Tornou-se um dos mais notáveis executantes de trompa da Europa, e em 1879, estando de férias em Madrid, tocou a solo em dois concertos da Sociedade "Union", dirigida por Tomás Breton; por insistência deste, apresentou-se a concurso para primeiro trompa do Teatro Real de Madrid e da Capela Real do Rei Afonso XII, conquistando o primeiro lugar. Por ter tido problemas de saúde em Madrid, regressou ao seu lugar no S. Carlos em 1881.
Compôs numerosas peças de música sacra, de câmara, para piano, para trompa, para banda. A partir de 1893, dedica-se particularmente a música para teatro, sendo autor de cerca de 40 operetas dentre as quais se destacam "A Musa dos Estudantes", "Os Filhos do Capitão-Mor" "Mestre de Armas", "Ovarinas", "O Capitão Lobisomem" e de mais de 50 revistas, entre as quais se contam os maiores sucessos do género, como "O Reino da Bolha", O Dia do Juízo", "O Ovo de Colombo", "Verdades e Mentiras"', "Peço a Palavra", "O 31" e "ABC". Foi director musical do Teatro da Trindade em Lisboa, e no Porto, dos Teatros de Carlos Alberto, Real de S. João, Príncipe Real (hoje chamado Sá da Bandeira) e empresário e director musical do desaparecido Teatro D. Afonso, do Porto. Foi director musical e coproprietário de "O Álbum" Jornal de Música para Piano (1869-1871), director musical de "O Mundo Artístico" – Gazeta Musical de Lisboa (1883) e colaborador e crítico musical de inúmeros jornais e revistas como "Perfis artísticos" (sob o pseudónimo de Ruy Blas), "A semana Musical" e a "Semana".
Professor do Conservatório Nacional de Lisboa durante 27 anos, era agraciado com as Ordens militares de Cristo, de Santiago, e de Isabel a Católica de Espanha. Morreu a 12 de Fevereiro de 1933, com 82 anos.
Key words
Popular music in Portugal for wind band, community Band, marching band in the late 19th and early 20th Century. (Música popular em Portugal para orquestra de sopro, banda filarmónica, banda marcial em finais do século 19, princípios do século 20)
banda musicale; духовой оркестр; Orchestre d'harmonie; Blasorchester; Concert band; Wind Band; 吹奏楽: blasorchester; harmonieorkest; Musikkapelle; blaskapelle
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