Apenas duas indústrias chamam seus clientes de usuários: as gigantes de tecnologia e o tráfico de drogas. Aprenda a identificar os artifícios que as redes sociais manipulam viciar os usuários e lucrar bilhões com capturas de dados e propaganda.
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Em 2015, durante um discurso de agradecimento ao título de doutor honoris causa na Universidade de Turim, na Itália, o escritor e semiólogo Umberto Eco lamentou o fato de que as redes sociais trouxeram à tona uma verdadeira “legião de imbecis”. Se até então esses anônimos havia se contentado em disseminar suas asneiras nas mesas dos bares, sem muitos prejuízos à opinião pública, pois eram sumariamente ridicularizados pelos próprios colegas, a partir das redes sociais eles passaram a ser celebrados pelos iguais, de modo que a estupidez mais rasteira passou repercutir com mais impacto do que de uma obra de um Prêmio Nobel.
O questionamento sobre a qualidade do debate público nas redes sociais já havia sido esboçado na década passada; no entanto, a euforia com o potencial da democratização da informação e da chamada inteligência coletiva — além da propaganda ostensiva das empresas, que obviamente superdimensiona os aspectos positivos e oculta os negativos — acabou soterrando a crítica em uma montanha de cacofonia.
Andrew Keen, em um livro chamado: O culto do amador: como blogs, MySpace, YouTube e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores já havia formulado uma crítica importante sobre o que a Internet havia se tornado a partir da supremacia de um conjunto de empresas que se especializaram em obter lucros em escala, explorando a vaidade dos usuários. Celebrados na teoria como uma revolução democrática que teria fortalecido a esfera pública a níveis inéditos, os blogs e as redes sociais, na prática, têm nos desviado do debate cívico ao estimular a exposição narcísica de nossas vidas privadas, de nossa vida social, de nossa vida sexual ou simplesmente de nossa falta de vida. Mesmo aqueles comentários indignados que, à primeira vista, poderiam ser confundidos com uma iniciativa de discussão pública de questões fundamentais, frequentemente não passam de um exibicionismo desajeitado de uma alma insegura que, no fundo, está mais preocupada com a autoafirmação e a aceitação de seus iguais do que com o debate cívico propriamente dito.
Em “O efeito Facebook”, David Kirkpatrick revela que Mark Zuckerberg, o criador desta rede social, tinha consciência intuitiva daquela dinâmica psicológica desde o princípio da criação da plataforma:
“Naquele primeiro almoço, cheguei à conclusão de que a explicação para Mark é que ele é um psicólogo”, diz Chris. “Sua ideia central era que os jovens têm um profundo desejo de ter certos tipos de interação social na faculdade e o que os move é um interesse extremo em seus amigos — ou seja, o que eles estão fazendo, o que estão pensando e para onde estão indo. Ele tinha alguns insights simples, mas profundos.”
Mas à medida em que os meios de comunicação de massa são substituídos por essa mídia personalizada, prossegue Keen, a Internet se torna um caleidoscópio redundante de nós mesmos. “Em vez de usá-la para buscar notícias, informação ou cultura, nós a usamos para SERMOS de fato a notícia, a informação, a cultura.” Não é que as mídias tradicionais eram necessariamente melhores do que as digitais. Há uma extensa literatura crítica que demonstra as contradições das mídias. Mas para Keen, nós apenas trocamos de problema. A Internet não deve ser considerada como uma espécie de evolução natural dos meios de comunicação de massa: as inovações não estão desprovidas de custos, adentram por caminhos inesperados, debilitam algumas qualidades para aguçar outras e, por tudo isso, tampouco deixam de produzir as suas próprias incoerências.
O desejo insaciável por atenção é o grande motor que faz girar as mídias sociais. A dimensão desta economia da vaidade é medida pela quantidade de “curtidas” que os posts pessoais recebem. Os números são colossais. Considerando dados de 2017, todo santo dia, entre os mais de 2 bilhões de usuários do Facebook, 800 milhões “curtem” algum conteúdo que aparece em sua linha do tempo. No que diz respeito ao consumo de conteúdo, os dados são igualmente superlativos. Somente no YouTube, a comunidade de 1,3 bilhão de usuários assiste a 1 bilhão de horas de vídeo por dia. Isso significa 100 mil anos por dia diante o conteúdo da plataforma!
O modelo de negócio bilionário das redes sociais se sustenta precisamente na sucessiva captura da atenção, do tempo, da energia criativa, do engajamento e dos dados privados de seus usuários, que são analisados e vendidos às empresas de publicidade.
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