Processo de pintura "Maçãs e Peras", óleo sobre tela 40x50cm (2024)
Recriei a primeira tela que fiz na vida numa versão atualizada 21 anos depois. Mostro a vocês esse processo de pintura e percurso artístico na criação dessa obra.
Começo desenhando na tela, fazendo um esboço que reinterpreta a obra original, adicionando novos elementos e perspectivas. A imprimatura é feita com tinta acrílica da Daler-Rowney, enquanto vou montando minha composição. Aprendi a pintar aos 9 anos, na minha cidade natal, Jaguariaiva, no interior do Paraná. Quem me ensinou a arte da pintura foi a talentosa e dedicada professora Vânia Chamma. Durante os 5 anos de curso, ela me introduziu às diversas técnicas de desenho, desde grafite e carvão até a complexidade da tinta a óleo, revelando a poesia que se esconde nos traços de um pincel.
As texturas das frutas foram surgindo dia após dia. Levei cerca de 8 dias para pintar este quadro. Cada parte dele apresentava um desafio e uma inspiração única. As frutas pareciam ganhar textura e se transformar com o passar do tempo, assim como as que estavam sobre a mesa. A toalha foi cuidadosamente planejada; depositei as cores para só depois criar as sombras. Misturei as pinceladas com a técnica de veladura, trazendo um efeito sutil entre a estampa e as dobras do pano. A toalha quadriculada marca um momento importante da minha história, tanto pessoal quanto profissional. Uma maçã ao fundo parecia fora de lugar, então a retirei. É como um Photoshop mas no pincel, e acho que ficou mais harmonioso sem ela. Às vezes precisamos cobrir o que está sobrando. Trocar as cores no meio do caminho, ta tudo bem, só organizar direitinho. A meia maçã sobre a mesa me faz refletir sobre o tempo. Uma metade que já passou, sumiu, ou está aqui enquanto pinto a outra permanece ali, exposta ao tempo que passa. Ela parece acompanhar os processos naturais da vida, parece permanecer viva mas mutável.
Além da técnica manual, aprendi que a pintura a óleo exige muita paciência, assim como a vida... Como sempre me lembrou a Professora Vânia. Paciência para com a tinta, com meus processos e meus progressos. Eles podem ser lentos, devem ser olhados com carinho, aproveitados enquanto há tempo e a tinta ainda está molhada. Os começos são mais demorados, às vezes até angustiantes. Mas é uma etapa a ser vencida. Ela passa. Quando começo a reconhecer esses caminhos desses processos técnicos e poéticos, passo a enxergar e sentir coisas além do que já vejo normalmente.
Posso ter controle sobre o pincel e a cor que deposito em sua ponta, mas como a tinta vai abraçar as outras na tela, é só com ela. Quando a pintura toma forma diante de mim, parece mágico. É como se toda aquela mistura de momentos e ideias guardados na memória se tornassem realidade sem eu perceber. O início pode ser mais mecânico do que poético, mas é fundamental para o progresso da pintura. Em certo momento, tudo muda. A tinta se mistura entre as pinceladas, os objetos ganham vida entre luz e sombra. Pareço esculpir a realidade em vez de apenas pintá-la sobre um tecido. E para que tudo isso aconteça, é preciso constância, prática e a paciência.
21 anos depois, não imaginava que a arte se tornaria meu trabalho, meu coração e uma extensão de mim para o mundo. Poder compartilhar esse prazer entre afetos e tinta molhada, revelando minha intimidade subjetiva e imaginária, e ser acolhido por tantos, ultrapassou minhas expectativas e sonhos. Sempre confiei no percurso e me deixo seguir em suas oscilações. Tudo é uma questão de tempo e movimento. A vida é mais percurso que chegada.
Aqui entrego a releitura da minha primeira composição pintada a óleo, uma maçã e uma pera, de 2003, junto das maçãs e peras de 2024. As marcas do pincel permanecem vivas, as cores vibrantes, o amor pela tinta. O longo, lento e muito bem vivido processo e progresso para estar aqui hoje, assim, sendo gigante diante de mim.
Cada pincelada é uma lembrança, cada cor uma história. E entre essas frutas imortalizadas na tela, vejo o passado, vivo um presente e aguardo pelo futuro.
O tempo, mestre silencioso, moldou cada traço, cada sombra, manteve brilhos e descascou camadas. Somos a construção de várias e várias delas. E é na contemplação dessas obras que percebo a magnitude desse eterno ciclo de criação e renovação, o passado se funde ao presente e se lança ao horizonte do porvir.
Maçãs e Peras
Óleo sobre tela
40x50cmcm
2024
Materiais que utilizei:
Tela de algodção (40x50cm)
Tintas a óleo linha Graduate Daler-Rowney e Canson
Tintas acrílicas linha Graduate Daler-Rowney e Canson
Pincéis Daler-Rowney linha Graduate
Médiuns óleo de linhaça e solvente eco
Lápis de graduações variadas Staedtler
Paleta de vidro
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