Agostinho de Hipona — Parte 3

Este estudo explora a doutrina do livre-arbítrio segundo Agostinho de Hipona, destacando como ele confrontou as concepções tradicionais que atribuíam ao homem a capacidade de escolher livremente entre o bem e o mal. Inicialmente, a Igreja adotou essa visão, influenciada pela necessidade de reconciliar a bondade de Deus com a existência do mal, especialmente diante da cosmovisão pagã que separava moralidade e religião. Agostinho, entretanto, questionou essa perspectiva, apontando que os desejos e motivações humanos frequentemente dificultam escolhas corretas. Ele rejeitou a ideia de uma vontade neutra e destacou que, conforme a Escritura, o homem foi criado com uma inclinação para o bem, mas essa disposição foi corrompida pela queda. Ele introduziu a distinção entre vontade (voluntas) e livre-arbítrio (liberum arbitrium), explicando que, enquanto o homem caído continua a escolher livremente, suas escolhas são direcionadas pelo pecado. Agostinho também desafiou a supremacia da liberdade de escolha em relação à soberania divina, afirmando que Deus permite o mal para alcançar um bem maior. A redenção em Cristo, segundo ele, restaura a vontade humana, conduzindo a uma liberdade verdadeira em que o homem não apenas escolhe o bem, mas se deleita nele. Finalmente, Agostinho enfatizou que a glória final dos redimidos supera o estado original de Adão, pois na eternidade os santos serão incapazes de pecar, vivendo em perfeita comunhão com Deus.

Palavras-chave: livre-arbítrio, Agostinho de Hipona, controvérsia pelagiana, soberania divina, vontade humana, pecado original, redenção em Cristo, servidão ao pecado, santificação, teodiceia, natureza humana, escolhas morais, responsabilidade moral, imagem de Deus, queda do homem, liberdade verdadeira, estado de glória, inclinação para o bem, corrupção da vontade, criação reta.

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