Palestra Marcelo Gleiser, cientista e vencedor do Prêmio Templeton, no IAB Connecting Leaders 2019

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Palestra exclusiva do cientista Marcelo Gleiser falou sobre a importância da reconexão humana em um mundo orientado a dados, o impacto das tecnologias digitais nas relações sociais e no mundo dos negócios.

“O impacto das tecnologias digitais na sociedade, nas relações interpessoais e no modo como as empresas fazem negócios é inevitável. A mecanização e automação de processos e o machine learning, por exemplo, estão tornando supérfluas diversas atividades, até então consideradas essenciais, e criando outras, em um processo que gera dilemas éticos sem precedentes na história da humanidade”, afirmou o ganhador do Prêmio Templeton 2019. Segundo Marcelo Gleiser, essa transformação irá se acelerar nos próximos cinco a dez anos, e os líderes precisam estar preparados para lidar com as mudanças que elas trazem para as organizações.

Para o cientista brasileiro radicado nos EUA, o uso da tecnologia para gerar inteligência possibilitou avanços importantes, inclusive ao permitir a comunicação personalizada e dirigida entre as marcas e os consumidores. “A Narrow Artificial Intelligence tem proporcionado resultados incríveis e ainda pode melhorar muito. Mas quando me perguntam se a inteligência artificial algum dia será capaz de substituir a inteligência humana como um todo, a resposta é não”, explicou Gleiser. Para exemplificar, citou que robôs já são programados para fazer o trabalho de cirurgiões com perfeição, mas jamais serão capazes de promover o tratamento mais humano que uma enfermeira dá ao paciente. “Além do mais, há problemas relacionados a questões éticas que os algoritmos da chamada General Artificial Intelligence jamais serão capazes de solucionar”.

O desequilíbrio social, segundo o cientista brasileiro, é impulsionado por tecnologias como o biohacking (possibilidade de hackear a própria biologia para criar uma versão sobre-humana dela) e o CRISPR (que permite combinar seletivamente pedaços do DNA para criar um novo padrão), e já estão disponíveis para quem entende um pouco de genética e esteja disposto a investir cerca de US$ 10 mil e construir um laboratório em casa. Em 20 anos, isto poderá criar padrões altamente seletivos para quem dispõe de recursos, permitindo por exemplo, a configuração dos genes ou o controle de doenças genéticas. Mas estes recursos estarão ao alcance de poucos, que poderão pagar por essas tecnologias, criando duas classes de seres humanos diferentes e ampliando o desequilíbrio social. Por isso, o papel social das empresas hoje é extremamente importante.

As questões morais que envolvem as novas tecnologias, incluem, por exemplo, as definições de como programar a Inteligência Artificial para lidar com situações de riscos. “Como deve funcionar o algoritmo do carro autônomo para reagir e fazer escolhas diante de situações sensíveis que podem envolver perdas humanas? Como escolher entre colidir com outro veículo ou atropelar um pedestre? Qual deve ser a responsabilidade das empresas nesse contexto?”, questionou.

O uso de algoritmos é sensacional, segundo Gleisee, pois ajuda a prever o que o consumidor deseja e até sugerir coisas que ele nem sequer havia imaginado gostar. Mas eles também são responsáveis pelo chamado “efeito túnel”, no qual as pessoas, a partir de uma escolha inicial, são conduzidas para temas, ideias ou grupos e tribos específicos que reforçam visões polarizadas sem que elas se deem conta disso. É preciso um esforço não só para respeitar a diversidade, mas permitir aprender com ela.



“O IAB Brasil tem um importante papel a desempenhar no apoio ao desenvolvimento da indústria da comunicação digital. Isso inclui trazer reflexões que ajudem o nosso ecossistema a lidar com os desafios que a transformação digital traz para o ambiente de negócios das empresas, com destaque para nossa responsabilidade social nesse processo transformacional”, afirmou Ana Moisés, presidente do IAB Brasil.



“Cuidar dessas questões é uma enorme responsabilidade para nós e nossos filhos. Acredito que a geração Z vá reinventar a humanidade, e isso passa pelo modo de pensar”, disse Marcelo Gleiser, ao acrescentar, contudo, que há todo um aprendizado recíproco que deve entre as gerações.



Sobre o risco de a Inteligência Artificial substituir o homem, concluiu o cientista, isto não vai acontecer. O machine learning vai evoluir, explorando padrões de correlação de dados, mas isto é diferente da ideia de uma inteligência artificial que cria visões, tem consciência, na qual o homem acaba e a máquina vira Deus. “A consciência não está apenas no cérebro, mas em todo o corpo, e a inteligência humana faz parte da forma como estamos conectados ao mundo por meio dos nossos sentidos”.

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