DIÁLOGOS COMESTÍVEIS - Vídeo ilustrativo da pesquisa da mestre Érica Araium (Labjor/Unicamp/ 2018)

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Esta pesquisa se debruça sobre a constituição, formulação e circulação dos discursos sobre a “gastronomia brasileira” e a “gastronomia sustentável” no período recorte de 1999 a 2019, época de importantes acontecimentos históricos e jornalísticos relacionados a ambas as expressões e em que, no Brasil, tem-se expressiva mediatização gastronômica. Os sentidos em evolução das palavras “alimento”, “cozinhar”, “comensalidade”, “agricultura”, “comida”, “cozinha”, “receita”, “culinária” e “gastronomia” servem como pontos iniciais de deriva à investigação histórica sobre o que se entende por “discurso gastronômico”. Como ponto de partida para a composição do corpus discursivo, observou-se a cobertura jornalística da primeira edição do “Seminário Fruto - Diálogos do Alimento”, evento idealizado pelos gastrônomos Alex Atala e Felipe Ribenboim; e pelo Instituto ATÁ e realizado em São Paulo/SP, entre os dias 26 e 27 de janeiro de 2018. Tomado, a priori, por “acontecimento histórico” e “acontecimento jornalístico”, revelou-se “acontecimento discursivo” por atualizar o “discurso ecogastronômico” que passara a circular, nos anos 1980, com o movimento Slow Food e tratar de um objeto paradoxal. Com auxílio do aparato teórico da Análise do Discurso (AD), buscou-se, da recolha de 24 enunciados em língua portuguesa de 81 textos jornalísticos produzidos pelos veículos nacionais e internacionais que procederam à cobertura do evento, compreender de que maneira a imprensa retrata os sentidos de “sustentabilidade” e “gastronomia” dadas as noções de “efeito-leitor” e “função-autor” (AD) que mobilizam os “repórteres” e “produtores de conteúdo” na escrita de seus textos. Entende-se que esses textos “circulam” e, boa parte deles, compôs a memória discursiva sobre o “Fruto” e sobre a “gastronomia sustentável”. A partir da análise, conjectura-se que, à medida em que esses textos que são atualizados no e pelo digital pelos leitores-comensais (consumidores de alimentos e de informação), pode-se (re)desenhar o “gosto”, as “paisagens comestíveis” e estabelecer-se um novo tipo de relação das práticas políticas discursivas sobre a gastronomia, muito afetada pelas noções de consumo (de “dados” e de “alimentos”). Ademais, recupera-se nesta dissertação os conceitos de campo e habitus formulados por Bourdieu; bem como as noções antropológicas sobre o comer, formuladas por Lévi-Strauss a partir da década de 1960, a fim de compreender os gestos de interpretação dos diferentes “atores da gastronomia” em relação aos sentidos de “alimento”, “comensalidade” e, sobretudo, “gosto”. Averígua-se assim a noção de “gastronomia” como “cultura”, tão cara à constituição da “culinária brasileira”. E se observa o sentido da gastronomia como “arte” (enquanto objeto estético) e a maneira como o jornalismo (cultural) brasileiro retrata as práticas gastronômicas no Brasil. Tem-se, assim, uma dissertação construída sobre camadas de saber interdisciplinares dos campos gastronômico e jornalístico que conduzem o leitor-comensal à deslizar entre “o diálogo” e “o comestível”, entre “o discurso” e “o consumo”, entre a “palavra” e o “sentido”. Objetiva-se, assim, ponderar sobre a responsabilidade de cozinheiros e jornalistas sobre os textos que produzem e põem a circular em redes de saber e de “inteligência coletiva”. Por agregar discussão tão multidisciplinar quanto a própria gastronomia, este trabalho de divulgação cultural e científica está dividido em três partes: 1) Gastronomia como Linguagem e Discurso, onde se discute como a noção de gastronomia se constitui; 2) Discurso Gastronômico, onde o conceito de “sustentabilidade” é introduzido e a memória discursiva sobre a “gastronomia brasileira” é revisitada; 3) Texto Jornalístico Gastronômico, onde faz-se a análise do objeto. Acesso à dissertação: http://repositorio.unicamp.br/handle/...

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