Rui Chafes "DURANTE O FIM" Um percurso

Este filme, como o próprio titulo da exposição anuncia, resulta de um "Percurso" realizado à exposição "DURANTE O FIM", do escultor Rui Chafes, no ano de 2000, inaugurada em simultâneo em três espaços diferentes -- no Sintra Museu de Arte Moderna-Coleção Berardo, no Palácio da Pena e no Parque da Pena.
Não é uma vulgar exposição. É muito mais do que isso. Como forma de pensamento, ocupa um espaço mental povoado por ousadias onde convergem memórias do romantismo germânico, expressão de um interesse que Rui Chafes sempre manifestou -- (Novalis é uma referência fundamental na sua obra, o ideário do romantismo alemão é uma presença, nas suas preferências). Nesse sentido "DURANTE O FIM" é uma viagem interior, entre metáforas e símbolos que trata de inquietação, heroísmo, e também, ironia. Percorre problemas ancestrais do destino humano. Tem a ver com Wagner, com Parsifal, com mitos de velhos rituais ou marchas sagradas, com um sonho medieval, e não só, em demanda do absoluto.
Do ponto de vista escultórico, Rui Chafes utiliza o universalismo do ferro, o ferro da escultura ibérica, o ferro das lâminas, dos cortes dos abismos, para criar toda uma magia e grandiosidade na suas obras. O ferro do escultor consagra o lugar. A marca pessoal do artista, a sua relação intrínseca com o espaço, a natureza, a sua noção de liberdade, criam no espectador uma surpresa.
Grandes esculturas ocupam a paisagem, como se fosse um labirinto onde simbolicamente o destino está fechado. O ferro abraça a natureza. Pertencem-se mutuamente. Nesta coerência e nesta coexistência, o passeante vai descobrir, em grutas, pequenas esculturas insólitas e inesperadas. Nesta ocupação do Parque, o ferro de Rui Chafes consagra o lugar. É preciso, apenas, sentir. E deixar-se levar pela emoção.