Economia dos afetos e o fetiche neoliberal do desejo, com Renato Noguera

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O Café Filosófico CPFL é um espaço aberto para reflexão. As falas dos convidados e os comentários do público são de responsabilidade dos respectivos autores e não refletem a visão do Instituto CPFL ou de seus controladores. Comentários fora do tema proposto e que disseminem discursos de ódio e/ou ataques criminosos serão banidos automaticamente.

Como analisar as relações amorosas no contexto do capitalismo neoliberal? O que perdemos e o que ganhamos numa atmosfera cultural na lógica do lucro, a dinâmica do capital e o fetiche da mercadoria invadem todas as dimensões da vida? Em que medida, as relações de mercado têm borrado as linhas da intimidade e produzido uma economia dos afetos que implica em tensões entre o que desejamos, o que queremos e o que realmente praticamos nos arranjos afetivo-sexuais? Em que medida, o capitalismo afetivo – tal como formula a socióloga Eva Illouz – tem levado a ética da comunicação empresarial para o interior dos relacionamentos afetivos? Achille Mbembe aponta como a universalização do brutalismo que naturaliza a guerra e impõe que a ontologia da vida estaria inscrita na busca das suas forças destrutivas. Como essas perspectivas têm rearticulado as dinâmicas amorosas? Diversos estudos sobre as relações conjugais, tais como do psicólogo John Gottman e da antropóloga Helen Fischer, se articulam dentro de um contexto da “ideologia da linguagem” que aposta no aperfeiçoamento do ditado popular, “é conversando que a gente se entende”, propondo ferramentas afetivas para a construção e manutenção das relações a partir da revisão de acordos. Será que esse encaminhamento resiste aos dispositivos que insistem em modular a vida afetiva dentro da lógica das relações econômicas e de troca? Uma hipótese direta, neste cenário o fetiche do desejo ganha mais força. Como lidar com esses desafios dos relacionamentos afetivos num mundo cada vez mais organizado pela lógica neoliberal que faz do amor um jogo cruel?

Palestra do módulo Desafios e possibilidades do amor contemporâneo, de Renato Noguera e Carol Tilkian

Desafios e possibilidades do amor contemporâneo

Poucas coisas conectam tanto as pessoas quanto o amor. O amor é tema de músicas, tema de livros, de conversas de bar e de terapia. Não existe uma pessoa que não tenha questões amorosas e que não queira ser feliz no amor, mas, paradoxalmente, em um momento no qual existem cada vez mais possibilidades de amor, ele parece cada vez menos possível. Como compreender este paradoxo? À ‘medida que as oportunidades de se relacionar aumentam, as reclamações sobre a falta de pessoas interessantes também aumentam. Segundo dados do IBGE, atualmente 1 em cada 2,4 casamentos termina em divórcio e esse número não para de crescer. Em menos de 20 anos (de 2004 a 2021) os divórcios aumentaram 196% e nos últimos 10 anos a duração média do casamento caiu de 17,5 anos para 13,8 anos. Em paralelo, o interesse por relacionamentos abertos cresceu muito nos últimos anos. Nós acreditamos que não se trata apenas de uma discussão sobre formatos de relação e sim sobre desejos, ideais, possibilidades, expectativas e impossibilidades do amor. O objetivo desta série de gravações do Café Filosófico CPFL, com curadoria de Renato Noguera e Carol Tilkian, é aprofundar a discussão sobre os principais dilemas amorosos da contemporaneidade trazendo embasamento teórico e perspectiva histórica em uma linguagem simples e envolvente. Dessa forma, a cada episódio, objetiva-se trazer novas perspectivas, conhecimento e ferramentas para que possamos ser mais felizes em relações amorosas mais possíveis e menos idealizadas.

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