XI KIPUPA MALUNGUINHO . Imagens/edição: Wilson Filho

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No século XIX, parte das terras localizadas em Olinda, no estado de Pernambuco, eram improdutivas, fato que culminou na luta pelo desenvolvimento agrário. Um dos movimentos de maior representatividade foi o dos negros do Quilombo de Cacutá, localizado nas terras conhecidas atualmente, como Engenho Utinga, no município de Abreu e Lima. Entre os anos de 1814 a 1837, os revoltosos implementaram diversas ações contra o poder local constituído, que naquele momento estava fragilizado pelos conflitos internos pelo poder e soberania. Desenvolveram técnicas de guerrilha, conhecidas até hoje, como estrepes, um tipo de lança feita em madeira bem afiada, que ao ser enterrada em buracos escondidos na mata, continha os invasores dos quilombos.
João Batista, um dos maiores lideres da história do quilombo, foi assassinado em uma emboscada na cidade de Abreu e Lima, chamada ainda na época de Maricota[1]. Sua morte decretou o fim do Catucá em 18 setembro de 1835.
De acordo com o pesquisador Hildo Leal da Rosa, no culto da Jurema, Malunguinho é uma entidade de grande poder, que se manifesta de três formas bastante distintas. Exu, caboclo e mestre. O primeiro representa o mensageiro, fazendo o elo de ligação da linha da Jurema com as pessoas. O segundo é a figura do guia, o principal protetor dos iniciados no culto. O terceiro representa alguém que teve existência real na terra. A Jurema, segundo o pesquisador, é um culto religioso de origem indígena (existe no Brasil desde o século 16), mas que também carrega elementos afros (negros) e cristãos (brancos). “Malunguinho é uma entidade que fala pouco e não demora muito quando incorpora. Suas palavras são meio truncadas, como uma criança falando, e a língua mistura português com outro idioma”, diz Hildo Leal.
Durante o culto, as mensagens trazidas pela entidade são repassadas a um médium. “Quando a pessoa está com um problema sério e precisa de uma proteção grande, uma das primeiras entidades chamadas para ajudar é Malunguinho”, diz o pesquisador. Traduzido como um Exu muito forte, Malunguinho também é invocado nas cerimônias para levar embora os outros exus.
Antes de começar as cerimônias, o grupo sempre pede proteção a Malunguinho. “Isso é uma história muito bonita. O povo pega um herói popular que existiu de verdade, guerreiro, líder dos negros e o coloca no olimpo das divindades”, acrescenta o historiador Marcus Carvalho. Várias cantigas usadas no culto da Jurema citam a figura de Malunguinho.
“Subir ao panteão das divindades é talvez a maior homenagem que um povo pode prestar aos seus heróis”, destaca Marcus Carvalho na publicação O Quilombo de Malunguinho, o rei das matas de Pernambuco (Liberdade por um fio/História dos quilombos no Brasil, editado pela Companhia das Letras). Para Marcus Carvalho, a unidade entre a divindade e o guerreiro da floresta do Catucá é evidenciada em uma cantiga que cita um antigo aparato militar usados pelos quilombolas, os estrepes.
Marcus Carvalho explica que estrepes eram paus pontudos fincados no chão, em armadilhas ou expostos, para impedir os ataques dos soldados aos quilombos. “Muitos soldados caíam nas armadilhas ao perseguir os negros. Vem daí a expressão ‘se estrepar’”, observa. “O Malunguinho da Jurema, que tem o poder de tirar os estrepes do caminho, é, portanto, a recriação simbólica do próprio Malunguinho do Catucá: o verdadeiro rei das matas de Pernambuco”, escreve o historiador na mesma publicação
Bibliografia
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• _________________, Música de Feitiçaria no Brasil. Belo Horizonte. 2 ed. Ed. Itatiaia. 1996.
• ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Primeiros Passos, 36), 1981.
• AYALA, Marcos e AYALA, Maria Ignez Novais. Cultura popular no Brasil. (perspectivas de análise). São Paulo: Ática. (Princípios: 122), 1987.
• _________________, Cocos: alegria e devoção. Natal: EDUFRN, 2000. Cadernos Imbondeiro. João Pessoa, v.1, n.1, 2010.
• BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 2 ed. São Paulo: T. A. Queiroz: EDUSP, 1987.
• BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, (Primeiros passos: 60), 1982.
• BENJAMIN, Walter. O narrador. In: et aii. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural. (Os pensadores) 1983.
• CASCUDO, Luis da Câmara. Literatura oral no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1978. 240.
• CAVALCANTE, Severino. Feitiços do Catimbó. Editora Eco, s/d.

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