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Rev. Trim. Porto Alegre v. 36 Nº 154 Dez. 2006 p. 905-916
EVANGELHO DE JUDAS

Tradução de Urbano Zilles*
A tradução aqui apresentada do evangelho apócrifo de Judas funda-se na tradução alemã publicada na internet http://www.theology.de/judasevangeliu... A tradução alemã de Bernhard Liebert baseou-se na tradução inglesa do original copta, de Rodolphe Kasser, Marvin Meyer e Gregor Wurst.

Introdução
No dia 09 de abril de 2006, a National Geographic anunciou, num programa de duas horas, através de sua rede de televisões em Docu-specials, os resultados das pesquisas em torno do texto apócrifo do Evangelho de Judas. Mas qual o valor histórico do texto? Cerca do ano 180 d.C., Ireneu de Lião citou um Evangelho de Judas, que chama de apócrifo (Adv. Haer. I, 31). Talvez seja o mesmo que, em 1978, foi descoberto no Egito. Este escrito tem sua origem no século II d.C., numa seita gnóstica. Para os gnósticos, a meta suprema é o conhecimento, em virtude do qual, segundo eles, a gente se pode redimir. Nessa perspectiva, o Evangelho de Judas é * Prof. Dr. de Teologia da PUCRS. 906 semelhante a outros Evangelhos apócrifos gnósticos, como, por exemplo, o de Tomé ou o evangelho gnóstico da Verdade. S. Ireneu descobrira o escrito nas comunidades cristãs da Gália. Judas Iscariotes aparece, não tanto como traidor, mas como herói. A traição é interpretada como mistério da redenção. Depois do século VI, o texto desse Evangelho desaparecera. Em 1978, descobriu-se um código de papiro, em cujo invólucro de couro consta o título em língua copta de um Evangelho de Judas. O documento foi reencontrado juntamente com outros escritos, perto da cidade El-Minya, no Médio Egito. Além do Evangelho de Judas, o invólucro também continha uma carta de Pedro a Filipe e um Apocalipse de Tiago, sendo os dois últimos já conhecidos, através dos manuscritos descobertos em Nag Hammadi. Esses manuscritos foram levados pelo Cairo, Genebra, Nova Iorque a Basiléia, Suíça, para a fundação de Arte Antiga. Do texto do Evangelho de Judas foi possível salvar 80%. Sob a orientação do Prof. Rodolphe Kasser, de Genebra, a tradução do texto foi publicada em 2006. O atual manuscrito é atribuído a um “sacerdote de Judas” do século IV ou V. Trata-se de um Evangelho “cainita”. Os cainitas são uma pequena seita gnóstica, que, no século II, veneravam Caim e Judas. S. Ireneu de Lião escreveu: “Dizem que Judas, o traidor, sabia exatamente todas essas coisas e, por ser o único dos discípulos que conhecia a verdade, cumpriu o mistério da traição e que, por meio dele, foram destruídas todas as coisas celestes e terrestres. E apresentam, à confirmação, um escrito produzido por eles, que intitulam Evangelho de Judas” (S. Ireneu de Lião. Adversus Haereses. Col. Patrística n. 4, S. Paulo: Paulus, 1995, p. 122). A afirmação central desse Evangelho é que Judas foi o melhor amigo de Jesus, possuindo mais conhecimento que os outros discípulos. Por isso Jesus o teria encarregado de traí-lo por amor à salvação, pois, sem a traição, Jesus não teria sido crucificado e não teria podido ressuscitar. Judas teria perguntado a Jesus o que receberia em troca da traição. Jesus respondeu-lhe que, em troca, todo o mundo o odiaria para sempre e o condenaria, mas ele brilharia no céu como uma estrela especial.907

O texto tende para uma inversão de todos os valores. Por isso Cristo diverte-se com a celebração da ceia eucarística da Igreja. Jesus critica os discípulos, zomba da Igreja e da fé mediada por ela. Quem estudou um pouco o gnosticismo sabe que seus textos não estavam muito interessados em dados históricos. A linguagem evidencia a procedência gnóstica de um grupo de dissidentes cristãos. Por isso os especialistas são reservados quanto ao valor histórico da obra. É comum, na literatura gnóstica, querer transformar todos os aspectos negativos da Bíblia em positivos. Em vista disso, é bem provável que a descoberta desse escrito gnóstico não acrescente nenhuma novidade histórica para o conhecimento da vida de Jesus e de seus discípulos. Quando muito, pode enriquecer nosso conhecimento sobre a gnose. Não há dúvida, entre os especialistas, de que esse Evangelho foi escrito bem depois dos canônicos. Por expressar-se na terminologia gnóstica, também carece de relevância para a fé cristã, pois os escritos canônicos não permitem a interpretação de que Jesus teria pedido a Judas que o traísse. O texto é interessante enquanto apresenta mais material sobre as idéias gnósticas, no final do século II da era cristã. Em vista dessas informações, só resta concluir que o sensacionalismo, com que o texto está sendo anunciado pela mídia, obedece a interesses não-científicos. A origem gnóstica é confirmada, não só pelo enfoque geral, mas através de termos característicos, como Barbelo, que designa um princípio fundamental gnóstico, Sophia, que é a personificação da sabedoria e o Eterno como sendo aquele que se criou a si mesmo. S. Ireneu de Lião, em Adversus Haereses...

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