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Artista-pesquisadora: Joana Amora
JICTAC UFRJ 2021
Apresentação: Grafite-Musgo: Organismos Vivos como Arte
Orientada pela artista, professora e doutora Marina Ferreira Frega
Resumo:
A presente comunicação irá apresentar a pesquisa e o processo que culminaram na obra artística “Intervenção de Grafite-Musgo”, realizado em 2020. O trabalho está inserido no projeto de pesquisa PIBIAC “Agente Húmus: Práticas cooperativas, agroecológicas e ecofeministas”, coordenado pela profa. dra. Marina Ferreira Frega, e articulado ao grupo de pesquisa GAE Arte: Ecologias. No projeto, se articula a ideia de um agente humano que trabalha pela manutenção e sustentabilidade do ecossistema. A agente húmus é uma personagem fictícia fabulada pela orientadora como uma figuração poética que pode ser incorporada por qualquer ser que experimente relações com a natureza baseadas na fertilidade ao invés da exploração.
“Intervenção de Grafite-Musgo” surge a partir de uma pesquisa bio-pictórica com musgo e também a partir de fricções entre a natureza e a cidade. Trata-se de uma série de fotografias que registraram a aplicação de musgo sobre o muro do Parque Lage, no Rio de Janeiro. A produção imagética realizada provoca reflexões sobre a criação de paisagem e realidade e as relações humano-natureza. Através da amplificação de uma característica já presente no muro - o musgo-, se amplifica a potência visual deste elemento, e se afrouxa os limites entre humano e natureza a partir da seguinte proposição: "Se antes a Natureza fazia surgir musgo, agora eu também faço". E entre a noite e o dia, a natureza toma conta daquela paisagem novamente, com um pouco de ajuda de uma agente húmus. Restabelecendo o “direito político” da própria natureza, seu direito de "fala" e atuação nas dinâmicas sociais, através de atenção gerada pela intervenção.
Como resultado, o trabalho remete à criação de uma paisagem imaginária e material, composta de camadas relacionais complexas que vão "muito além da visualidade", como diria Anne Cauquelin em A Invenção da Paisagem (CAUQUELIN, Anne, 2007). Deste modo, remete também a uma criação mítica, uma narrativa simbólica, que surge através da quebra do cotidiano urbano e questiona e incorpora a noção de "realidade". Essa intervenção reconecta a ideia de ser humano à sua intrínseca potência divina de criação de realidade (potência criativa), como a da própria natureza, já que faz parte dela.
O trabalho consiste em uma pesquisa ainda em desenvolvimento, um processo que investiga o musgo como um material artístico e vivo. São pinturas vivas que exigem cuidado e atenção, como a necessidade de borrifar água com certa frequência e de serem aplicadas sob a sombra. Parte de uma pesquisa que aproxima a arte e a agroecologia, e se articula à minha atuação na Rede de Agroecologia da UFRJ, que realiza diversas ações agroecológicas dentro e fora do campus. “Intervenção de Grafite-Musgo” é uma das materializações dessa pesquisa artística interdisciplinar, que utiliza o muro como tela e o musgo como pigmento, inserindo a discussão do ser humano enquanto natureza no contexto da cidade.
Referências Bibliográficas:
CAUQUELIN, A. A Invenção da Paisagem. Edição N 1. Martins Fontes. 2007.
COCCIA, Emanuele. A Vida das Plantas. 2ª edição. Lisboa. Editora Documenta, 2019.
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