Caminhos da Reportagem | Filhos da violência doméstica

Que adultos se tornarão as crianças que passaram a infância como testemunha, vítimas diretas ou indiretas, de brigas e agressões dentro de casa? “ Meu pai tinha habilidade imensa em fazer terror psicológico. Eu me lembro de parentes ir dormir em casa porque ele ficava andando à noite com uma faca. Eu deitado e vendo o reflexo dele lá no corredor passando com uma faca”, relata Robson Lourenço Jorge, analista de sistemas ao Caminhos da Reportagem.

Setenta por cento das mulheres vítimas de violência no país têm filhos, e, oito em cada dez crianças e adolescentes assistem as cenas mais violentas no ambiente familiar, segundo pesquisa do governo. O Caminhos desta semana traz o depoimento de famílias que identificam traços na personalidade e no comportamento, resultado do que viu e sentiu na infância.
Aninha, rapper do grupo Atitude Feminina (Brasília) conta como foi difícil a relação com namorados quando era adolescente depois de ver a mãe apanhar do pai quando era menina. “Eu achava que o meu primeiro namorado ia me bater também”. E a universitária Mariane Barros admite ser muito autoritária e agressiva com os namorados.

Em um dos depoimentos, uma psicóloga especializada no trabalho corporativo, conta como os diretores executivos de São Paulo, que passaram por situações abusivas na infância, levam a experiência para o convívio na empresa.
Tão importante quanto identificar o trauma é tratar com ajuda especializada, dizem os psicólogos ouvidos pela reportagem. Mas será que as crianças e adolescentes, quando crescem, se dão conta disso?

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