Meu bebe é muito chorão. Pode ser refluxo?
Refluxo no bebê - Refluxo: como tratar ???
REFLUXO é a volta do conteúdo do estômago para o esôfago, podendo se exteriorizar ou não, na forma de regurgitação ou vômito. Quando não se exterioriza, é chamado de refluxo oculto.
80% dos bebês normais apresentam regurgitações decorrentes da imaturidade da junção do esôfago com o estômago; é a chamada golfada do bebê ou REFLUXO GASTROESOFÁGICO FISIOLÓGICO.
São episódios de curta duração (menos de 3 minutos), não dolorosos, que não causam prejuízo ao ganho de peso do bebê, a quem os pediatras chamam de “bebê regurgitador feliz”.
Esse refluxo tende a diminuir aos 6 meses, quando começa a introdução de alimentos sólidos e o bebê já mantém uma posição mais ereta, e desaparece quase que totalmente com 1 ano.
REFLUXO GASTROESOFÁGICO FISIOLÓGICO não precisa de tratamento medicamentoso, e melhora com medidas posturais.
MEDIDAS POSTURAIS e GERAIS
Jamais suspenda a amamentação.
Evite a posição deitada para o aleitamento.
Mantenha a criança na posição vertical, em pé, durante 30 minutos após as mamadas, para acelerar o esvaziamento do estômago.
Evite o uso do “bebê conforto”, porque a posição propicia a ocorrência do refluxo.
Para dormir, eleve a cabeceira da cama 30 graus, o que se consegue aumentando 20 a 30 centímetros na altura superior do colchão. Existem à venda travesseiros próprios anti-refluxo.
A posição indicada por todas as Sociedades de Pediatria é decúbito dorsal com cabeça lateralizada, pois previne a “morte súbita”.
Troque as fraldas antes de mamar e mantenha o bebê com a cabeça mais alta em relação ao corpo durante as trocas.
Evite manuseio após as mamadas.
Evite roupas que apertem o abdômen.
Evite exposição do bebê à fumaça do cigarro, porque relaxa o esfíncter de abertura do esôfago facilitando o refluxo.
Se o bebê usa fórmula, o pediatra poderá indicar uma fórmula AR: 20% da lactose é substituída por um espessante, que pode ser amido de milho, de arroz ou a goma de jataí (alfarroba).
Essas fórmulas não “curam“ o refluxo, mas diminuem os episódios.
Papa de Epstein: método antigo, mas eficiente, usado ainda por gastropediatras, para bebês amamentados. Ferver 100 ml de água e 1 colher das de café de amido de milho até consistência de pudim. Guardar na geladeira e dar 1 colher das de café 5 minutos antes das mamadas.
Apenas 5% das crianças que regurgitam apresentam DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO, que evolui com sintomas digestivos e/ou respiratórios, e prejuízo no crescimento e ganho de peso.
QUANDO SUSPEITAR DE DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Sintomas decorrentes de esofagite:
Bebê que chora muito, mais de 3 horas por dia, irritado, recusa a mamada mesmo com fome.
Choro durante e após as mamadas.
“Mamadas nervosas”: o bebê tem fome, dá duas a três sugadas, pára de mamar, joga o corpo para trás e chora.
Síndrome de Sandifer- associação entre refluxo e postura anormal : o pescoço do bebê fica extendido para trás,rodado para o lado e a coluna arqueada.
Regurgitações frequentes (mais de 5 vezes ao dia), volumosas (mais de 5 ml por vez), longe das mamadas (1 ou 2 horas depois), com aspecto de “queijinho”(pois o leite sofreu ação dos ácidos do estômago).
Sangue nas fezes ou vômitos com sangue.
Sintomas respiratórios:
Crises de laringite
Rouquidão inexplicada
Faringites
Pneumonias por aspiração
Crises de sufocamento com cianose (bebê fica roxo)
Tosse noturna persistente
Chiado que não melhora com tratamento habitual
REFLUXO E ALERGIA A PROTEINA DO LEITE DE VACA
Há forte associação entre refluxo e alergia a proteína do leite de vaca.
Se o bebê apresentar sintomas sugestivos de doença do refluxo gastroesofágico e estiver em aleitamento materno, recomenda-se, durante 2 a 3 semanas, a exclusão de todo leite de vaca e derivado da dieta da mãe.
Caso o bebê use mamadeira, o leite deverá ser trocado por fórmulas especiais.
Após esse período, caso haja melhora dos sintomas, o leite deverá ser introduzido novamente na dieta. Se os sintomas retornarem, é confirmado o diagnóstico de alergia a proteína ao leite de vaca.
Isso é chamado teste de provocação e deverá ser orientado pelo pediatra.
Os medicamentos não são indicados nesses casos, pois não levam à melhora dos sintomas, e o tratamento é a exclusão total do leite de vaca e derivados da dieta.
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