Ney Saradézimo Matogrosso - Pois É - Rock in Rio 1985

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Ney Matogrosso tendo o justo privilégio de abrir o primeiro Rock in Rio, em 11 de janeiro de 1985.

Ney Matogrosso, nome artístico de Ney de Sousa Pereira, (Bela Vista, 1º de agosto de 1941) é um cantor brasileiro, ex-integrante da Secos & Molhados.
O nome Ney Matogrosso foi adotado pelo cantor somente em 1971, ao ir para São Paulo. Desde cedo demonstrou vocação artística: cantava, pintava, interpretava. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, até completar dezessete anos, quando deixou a casa da família para entrar na Aeronáutica, Ney ainda não fazia idéia do que faria na vida. Gostava de teatro e cantava esporadicamente, mas acabou indo trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília, a convite do primo.
Tempos depois foi convidado para participar de um festival universitário e chegou a formar um quarteto vocal, sob protestos da professora de canto e apesar do regente do coral do qual fazia parte elogiar sua voz especial, depois do festival, fez de tudo um pouco, até atuou em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido a ser ator. Atrás deste sonho, ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.
Neste período, viveu entre o Rio, São Paulo e Brasília, até conhecer João Ricardo; João procurava um cantor de voz aguda para um conjunto musical e convidou Ney para ser o cantor do grupo Secos & Molhados.
Saiu dos Secos & Molhados no ano seguinte, após o grande estrondo que a banda causou no país inteiro. Em 1975 lançou seu primeiro disco solo, chamado "Água do Céu-Pássaro". O disco vinha numa capa de papelão cru, com Ney Matogrosso pintado, vestido com pêlos de macaco, chifres, pulseiras de dentes de boi. Foi considerado extravagante demais e passou despercebido pelo público. Em 1976, veio o reconhecimento com o disco "Bandido". A canção "Bandido Corazón", composta por Rita Lee tornou-se um grande sucesso na voz de Ney. Ainda nessa época, Ney escandalizava o Brasil.
Ney terminou a década de 70 e começou a de 80 totalmente transgressor, sendo ameaçado várias vezes pelo regime militar. Nesse período, Ney lançou alguns de seus maiores sucessos: "Homem com H", "Calúnias", "Bandoleiro", "Espinha de bacalhau" (com Gal Costa), "Retrato Marron", "Seu tipo", "Por debaixo dos panos", entre outros.
É considerado um dos principais percussores da androginia enquanto estética de arte, desenvolvida inicialmente com a Tropicália. Apresentando coreografias erotizantes e expondo sua masculinidade como um contraponto à ousadia nos tempos de chumbo, Ney acaba por influenciar toda uma geração de artistas. Também é coreógrafo, iluminador e dançarino, atuando como diretor geral de seus espetáculos musicais.
É em 1987 que Ney Matogrosso entra em uma nova fase: com o LP "Pescador de Pérolas", ele mostra uma faceta mais segura. Abandona as maquiagens, veste um terno e atrai um novo público para si. A partir daí, Ney consagrou-se como um dos melhores intérpretes da MPB e também o mais versátil. Durante a década de 90 tocou com Raphael Rabello, gravou um CD com canções de Ângela Maria, gravou um CD só com canções de Chico Buarque (o elogiadíssimo CD "Um Brasileiro), gravou Cartola, e fez uma coletânea de sambas dos anos vinte e trinta.
Em 2004 voltou aos meios de comunicação com o projeto "Vagabundo", em que canta com o grupo carioca "Pedro Luís e a Parede"
A grande marca de Ney é seu vocal agudo e suas interpretações marcantes, além do forte apelo à sensualidade em cena.
Ney mantém no estado do Rio de Janeiro uma área de preservação ambiental para micos-leões-dourados, espécie ameaçada de extinção.

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