"Pra quem é de circo, casa é onde o circo está. Criança, do mesmo jeito: nasce onde o circo está", explica Erimeide Zanchettini, 55. É o caso dela mesma, vinda de uma família de dez irmãos nascidos na estrada e criados entre trailers, lonas, picadeiro, roupas de palhaço e globo da morte. Até hoje. A história de Erimeide, da mãe dela, Wanda Zanchettin, 87, da família toda, não se pode contar separada da história do circo Zanchettini. A história dos Zanchettini é única, mas também muito similar à das cerca de cinco mil famílias que ainda hoje rodam o país, em caravanas de caminhões, carros e trailers. A estimativa é de uma das irmãs, Edlamar, 59, de nome inspirado na atriz hollywoodiana Hedy Lamarr, atual presidente do Conselho Nacional de Circos Itinerantes, criado justamente para defender a causa dos artistas mambembes.
"Somos ao todo dez irmãos. Oito vivem nesse e desse circo. Uns 60 anos atrás minha avó já estava no negócio, trabalhou em São Paulo até montar o próprio circo. Quanto minha mãe e meus tios ficaram jovens, fizeram sociedade com meu pai num outro. Finalmente, meu pai e minha mãe montaram o próprio circo, que durante um tempo chamou-se circo teatro Gávea, e foi rebatizado Zanchettini após a morte do meu pai. Isso em 1990", rememora Erimeide.
"E não somos só nós. Os primos, os tios, todo mundo tem circo. Tem o Torricceli, o Romani, o Áurea", enumera.
"É pra mãe descansar", diz Erimeide --Wanda, há alguns meses, teve um acidente vascular cerebral. "Usamos quando alguém fica doente, como endereço para correspondência. Mas a mãe não quer saber da casa. O próprio neurologista falou que seria melhor pra recuperação dela ficar com a gente." Assim foi feito. E ela fez questão de conhecer o repórter que visitava seu circo --e de posar para a foto com os filhos.
Dona Wanda, a matriarca, é nascida em Santa Puitã, distrito de Ponta Porã (MS). Erimeide é de Cidade Gaúcha (PR), tal qual o irmão Amaury, 54 --mais conhecido como Palhaço Pequi, uma das atrações do espetáculo. Outro irmão, Sílvio, 43, nasceu em Aparecidinha (PR). Márcia, 45, em Naviraí (MS). Há ainda na trupe gente nascida em Santa Catarina e em Goiás. O circo dos Zanchettini tem 39 integrantes. A maior parte é da família. Alguns, como André Luís de Souza, 28, que no espetáculo faz os números de equilibrismo, são "adotados". “Ele chegou aqui com menos de um ano. A tia dele era casada com Márcio, meu irmão --também do circo. Foi adotado por nós. Pelo circo e pela família”, conta Erimeide, atualmente a mestre de cerimônias do Zanchettini.
"Eu nunca soube o que é ter um elo com uma cidade, um lugar. Por conta disso, era difícil estudar. Íamos para a aula como alunos ouvintes, sem matrícula formal, histórico escolar ou coisa do tipo. Dependendo do tamanho da cidade em que estávamos, precisávamos levar cadeiras da plateia do circo para assistir às aulas. Mas todos fizemos até o segundo grau", diz ela, orgulhosa.
Nem sempre, contudo, a vida na estrada é fácil. E já foi muito dura anos atrás, quando o país vivia sob a ditadura militar. "Os circos eram muito perseguidos na década de 1970. Era comum estarmos trabalhando e chegarem polícia, Exército, pararem o espetáculo, revistarem todo mundo –os artistas e a plateia", lembra Márcia. Isso quando era possível se apresentar. "Uma vez, em Cantagalo (331 km a oeste de Curitiba), chegou o delegado e nos impediu de seguir montando a lona. Minha mãe pediu pra trabalhar, mas ouviu que não tinha conversa, que seríamos enquadrados. Pegaram um rapaz que trabalhava no circo, que tinha saído para buscar feijão, e o fizeram comer grama do jardim da praça", conta Erimeide. "Noutra, em Catanduvas (476 km a oeste de Curitiba), fomos ameaçados de morte pelo prefeito se entrássemos na cidade." Poder entrar era só um dos problemas. "O espetáculo tinha que ter autorização do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Tínhamos que contar quais os textos das piadas. E eles vinham ver se era isso mesmo, sentavam na primeira fila", fala Márcio.
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Respeitável público, preparem a almofada, a pipoca e o guaraná pois vocês terão a sensação de estar nessa fantástica apresentação do Circo Zanchettini.
Vamos compartilhar essa experiência com vocês!
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