Fiquei só… e agora?, com Ana Suy, psicóloga e psicanalista

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O fim de um ciclo exige de nós dispositivos psíquicos, emocionais e da ordem dos afetos para poder lidar com a sensação de vazio ou de tristeza, ou mesmo de culpa, ou com as dores que ficam depois que algo se desfaz. Seja o fim de um relacionamento amoroso, a perda de um ente querido, de um emprego, a despedida de alguém que amamos para um país distante, a saída dos filhos de casa. Como enfrentar a dor do rompimento e transformá-la em um ponto de partida para renovação pessoal? A discussão não se limita apenas ao término de um relacionamento, mas também ao fato de se deparar com o ficar só. Como mergulhar nas complexidades da resiliência, como aprender a levantar depois do fim de algo, um abandono, um rompimento, uma traição?

Palestra do módulo Acabou um ciclo... e agora?
Curadoria do Instituto CPFL

O fluxo de morte e vida dos ciclos de nossas existências contemporâneas nos tira a ilusão da permanência. Estamos mergulhados no rio do célebre fragmento do filósofo Heráclito, no qual é impossível se banhar duas vezes, porque tudo está em permanente transformação, o rio e nós mesmos. É compreensível que em nossa contemporaneidade, na qual impera a liquidez das relações, como nos ensinou Zygmunt Bauman, precisamos invariavelmente ressignificar aquilo que habitualmente aprendemos a ser.

Na temporada entre 2007 e 2008, o Café Filosófico CPFL abordou assuntos cujas consequências já naquela época vinham modificando muito rapidamente nossas formas de vida, como as mudanças climáticas, as migrações, a violência e a pobreza generalizadas. Nomeamos essa temporada como O fim de um mundo não é o fim do mundo – como sobreviveremos ao século 21? Tomando essa temporada como referência, e ainda vendo no retrovisor da história as dramáticas decorrências deixadas pela recentemente pandemia que enfrentamos, esta série inédita de gravações do Café de junho de 2024 se orienta pela ideia de que o fim de um ciclo não necessariamente significa o ponto onde tudo se acaba.

O encerramento de um ciclo pode trazer a dor do rompimento e a insegurança sobre o futuro, como na passagem entre a juventude e a vida adulta, entre um emprego e outro, entre a solteirice e a vida conjugal – ou ao contrário, no caso das separações. Mas o encerramento de ciclos também por ser o catalisador para intensivas renovações.

Como nos preparar para as incertezas vivas das rupturas que assolam nossas vidas, mas, ao mesmo tempo, apontam no horizonte aberturas de novos ciclos? Como fortalecer a resiliência diante dos rompimentos e transformá-la em potência para a construção de caminhos positivos para a reinvenção pessoal e coletiva? Sobreviveremos aos intensos ciclos da vida no século 21?

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