Olubajé 2014 Orossi

Iniciar-se para um Orixá é um processo muito concreto e material, independente de ser espiritual. Não é só uma educação sobre mitos, cantigas e rezas, é também um hábito corporal do santo. Para tal, o iniciado deve aprender as técnicas do corpo essenciais para a iniciação, fazer oferendas e construir altares (assentamentos). É um processo dialético de objetivação e apropriação, no qual o Orixá é construído, concretizado no altar e no corpo. Neste sentido, o santo não é simplesmente o orixá, mas o orixá daquela pessoa, com características particulares. O corpo e o assento são os dois estados através dos quais o "santo" se faz presente. O assento é fixo, enquanto o corpo humano é móvel e dança. No assento, o "santo" é alimentado; nas festas, o "santo" incorporado é o anfitrião e alimenta os seus crentes. No assento, o "santo" fica escondido e, no corpo do iniciada, ele torna-se público, vibrante, triunfante. Poderíamos dizer que o objetivo principal da iniciação é "domesticar" o corpo, preparando-o para manifestar o orixá. Nas suas primeiras manifestações, o "santo" pode entrar no corpo com muita violência. Com a iniciação, o corpo fica preparado para incorporar e aprende a controlar e a focalizar o "santo". Depois de uma longa reclusão na intimidade dos assentos no quarto do santo para aprender os segredos do culto, “O Iniciado” compreende a trindade do Orixá no corpo, assento e a natureza. Baba Lokanfu, Toluaye.