PAPA FRANCISCO insere 21 COPTAS no MARTIROLÓGIO ROMANO - QUEM são os COPTAS?

O Papa Francisco inseriu os nomes de 21 Coptas como mártires no Martirológio Romano. O gesto foi realizado durante o encontro ecumênico com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Copta Tawadros II, em comemoração dos 50 anos do encontro entre Paulo VI e o Patriarca Shenouda III.

Muitas pessoas passaram a se perguntar: os Coptas são Católicos? São Ortodoxos? São hereges ou cismáticos? Quem são esses cristãos do Egito afinal?

Em primeiro lugar, é preciso frisar que a situação dos Cristãos no Oriente é complexa. Isso porque não há uma 'Igreja Ortodoxa de todo Oriente', assim como há a Igreja Católica Romana no Ocidente. Não há um poder centralizado entre os Orientais, e sim muitas Igrejas com liturgias e mesmo, doutrinas diferentes, algumas sendo consideradas heréticas por outras.

A Igreja Ortodoxa Copta, por exemplo, não está em comunhão nem com a Igreja Católica, nem com as Igrejas que habitualmente identificados sob o nome de 'Ortodoxas' (como a Grega, Russa, Ucraniana, etc.), embora exista uma minoria de Coptas que hoje estão ligados à Igreja Católica, tendo como seu Patriarca Ibrahim Isaac Sidrak.

Como surgiram os Coptas? Estes são os Cristãos do Egito. A Fé Católica foi pregada nesse país pelo maior discípulo de São Pedro: o Evangelista São Marcos. Ele foi martirizado em Alexandria na festa do deus Serápis, e, nos séculos seguintes, o Egito deu à Igreja mártires como S. Catarina de Alexandria, eremitas como S. Antão e S. Paulo eremita, e sábios como Clemente de Alexandria e Orígenes.

Todos estes eram Católicos (pois professavam a Fé Católica e estavam unidos à Sé Romana) sem deixarem de ser Coptas, pois eram egípcios, diretamente submissos ao Patriarca de Alexandria e fiéis da Liturgia de São Marcos, também conhecida como Liturgia Copta.

O mais célebre Patriarca Copta foi Santo Atanásio, o baluarte da Fé contra as heresias do Padre (e depois Bispo) de origem Copta, Ário.

Entretanto, no Século V vimos crescentes tensões e rivalidades entre a Igreja Copta e a Igreja Bizantina (ambas unidas à Roma e, portanto, Católicas). Os Coptas eram súditos do Império Bizantino, mas eram tratados como cidadãos (e cristãos) de segunda classe pelos gregos.

Revoltados, e desejando manterem-se independentes de Constantinopla, os Coptas - assim como os Armênios, e antes deles os Siríacos - separaram-se da Igreja ao rejeitarem o Concílio de Calcedônia.

Geralmente taxados de hereges Monofisistas, na verdade os Coptas professam o Miafisismo: doutrina que afirma que Cristo teve uma única pessoa (divina) e uma única natureza, ao mesmo tempo humana edivina. O termo é considerado errôneo pela Igreja Católica, que professa o diafisismo: em Cristo há uma só pessoa e duas naturezas, humana e divina, perfeitamente unidas, mas não confusas.

Entretanto, acordos cristológicos como os de 1973 e 1998 entre a Igreja Católica e a Igreja Copta deram largos passos rumo à unidade, mas ainda não há sinal dos Coptas estarem dispostos a aceitarem o Papado (excetuando aqueles que, sob a tutela do Patriarca Ibrahim Isaac, já estão unidos à Roma).

Os 21 mártires Coptas eram, portanto, separados de Roma. O que pensar da inserção deles no martirológio? CONFIRA!

Declaração conjunta do Papa Paulo VI e Patriarca Shenouda III: https://bit.ly/3MGVZ1X

Papa Francisco insere Coptas no martirológio romano: https://bit.ly/45emTFQ

00:00 O Papa Francisco e os Coptas
00:51 Particularidades dos Cristãos do Oriente.
02:13 São Marcos Evangelista, pai dos Coptas.
04:38 Católicos Coptas: Mártires e Eremitas.
06:34 A Escola de Alexandria. S. Atanásio.
09:16 As Controvérsias Cristológicas.
13:26 A rivalidade com os Bizantinos. Separação.
15:53 Os Coptas após a separação, e os Católicos.
18:59 O encontro do Papa Francisco e Tawadros II.
20:30 Os 21 Coptas executados pelo Estado Islâmico.

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