Epistemologia ou Teoria do conhecimento em Platão

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Na época que Platão viveu (séc. IV a. C.), era muito comum a concepção de que o homem conhece a partir dos seus sentidos. No entanto, para muitos sábios da época, o conhecimento não só começava como também não poderia ir além da sensibilidade. É notável neste período a máxima protagoriana: “o homem é a medida de todas as coisas”. Isso equivale dizer que cada ser está tão somente encerrado em suas representações subjetivas que ou era impossível uma verdade (mas uma particular, de cada um) ou que era impossível qualquer conhecimento.
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Para superar essa noção de realidade transitória, Platão precisa mostrar como nossos sentidos são capazes de nos enganar e que, por isso, devemos procurar em outro lugar o fundamento do conhecer. Este “lugar” é a alma. O conhecimento em Platão está ligado à concepção de que o mundo real é o mundo das ideias, em que as experiências sensíveis não têm efetiva importância porque são subjetivas. O ideal (universal) é de fato, em Platão, o real. Nesse real, o conhecimento seria válido para todas as entidades. De forma contrária, o empirista enxerga o universal como uma coisa inexistente; flatus vocis. Sua crença baseia-se apenas na existência de particulares. Por exemplo: enquanto Platão apontaria o conceito universal de mesa, preocupando-se com as características gerais pertencentes a todas as mesas, ou seja, mesas com três pernas, com quatro, com duas, de madeira, de vidro ou de plástico..., os empiristas se preocupariam especificamente com as particularidades de cada uma delas. Não existe, para aqueles que se preocupam com as particularidades (os empiristas e os nominalistas), um conceito de mesa comum. Eles se preocupam com as características que fazem a diferença de cada entidade – as mesas com três pernas, com quatro, com duas, de madeira, de vidro ou de plástico...

O objetivo de Platão é a alma, pois ele acredita que o mundo em que o corpo está é um teatro de sobras. Enquanto olhamos para as coisas e nos enganamos, podemos fechar os olhos e nos voltar para nós mesmos, para a alma – onde está, para Platão, a realidade. Ele aponta ser preciso abandonar, portanto, o sensível, a experiência. Na filosofia platônica, a alma é o conhecimento, pois se baseia em aspectos universais, enquanto o corpo seria a doxa (i) (o que falam de...). Para Platão, a razão leva ao conhecimento do inteligível. Essa afirmação demonstra, além de tudo, a necessidade de o homem estar equipado para lidar com suas próprias admirações, maravilhas. Caso contrário, o jamais conseguirá deixar o mundo do sensível. No quadro, percebemos o inteligível como ponto a ser alcançado pelo filósofo. Assim, a razão estaria no controle, pois as emoções dizem respeito apenas ao que o homem teria de mais baixo, mais distante da reflexão e do conhecimento da alma. Percebemos então que o conhecimento, para Platão, é o conhecimento da alma; é a própria contemplação que nega experiência.

Platão pensa ser a inteligência que garante a estabilidade dos seres sensíveis. Isso quer dizer que a transitoriedade evidenciada nas coisas sensíveis não podem dar razão de si e por si mesmas. Daí é preciso buscar compreender que todo conhecimento provem do raciocínio que alcança a forma dos objetos, forma esta que guarda consigo mesma uma identidade atemporal e indestrutível.

O homem deve, pois, buscar ascender do mundo sensível ao inteligível para ter um real conhecimento dos seres. Deve, antes de mais nada, abandonar suas pré-concepções, seus pré-juízos, seus pontos de vistas destorcidos pelas opiniões irrefletidas e, a partir disso, começar a escala rumo às Ideias.

Ideia, segundo Platão, é um principio inteligível, que não sofre geração nem corrupção, sendo, portanto, fundamento do conhecimento das coisas. Todavia, o homem somente consegue alcançar as ideias pela sua razão, pelo pensamento reflexivo que ao abstrair todas as particularidades físicas dos objetos estudados, consegue intuir a forma determinante de cada ser, conferindo-lhe estabilidade e permitindo ser conhecido. As Ideias são puramente espirituais, não contendo materialidade alguma, nem contato com o mundo sensível. Na verdade, este tem o seu modo de ser, de existir somente por participar das ideias do mundo inteligível. O inteligível transcende o sensível e o determina.

Dessa forma, já nascemos com os princípios inteligíveis que nos permitiriam conhecer o mundo sensível. Cabe ao homem não deixar se fascinar pelas sensações e sim subordiná-las à inteligência de modo a realmente conhecer verdade dos seres e de si mesmo, dedicando sua vida à formação do espírito.

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