O Hino Rio-Grandense tem uma história muito peculiar e inclusive já teve algumas versões. Mas nesse vídeo eu vou falar da versão atual e oficial do Estado do Rio Grande do Sul.
Esta versão tem a melodia composta por Joaquim José Mendanha, em 1837. E a letra escrita por Francisco Pinto da Fontoura em 1939. Ele foi harmonizado pelo maestro Antonio Corte Real, em 1934.
Tu pode perceber essa confusão de datas, mas é assim mesmo. Até 1934 não se tinha um hino oficial. Tinham algumas letras executadas em cima da melodia original. Então o foi sugerido ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, criar uma comissão pra avaliar e escolher a versão oficial.
Então a partir de 1935, nos eventos em comemoração do centenário da Revolução Farroupilha, o hino Rio-Grandense começou a ser cantado parecido ao que é hoje.
Mas a versão atual é oficial desde 7 de janeiro de 1966, a Lei nº 5.212.
Como a aurora precursora, do farol da divindade.
Foi o 20 de Setembro, o precursor da liberdade.
Nessa estrofe temos a referência ao início da Revolução Farroupilha, quando em 20 de setembro de 1835, quando as tropas lideradas por Bento Gonçalves da Silva tomaram Porto Alegre deflagrando o início da Revolução Farroupilha.
Eu gosto muito da metáfora dessa primeira estrofe, porque do mesmo jeito que a aurora todo dia precede o nascer do sol, também a data magna de 20 de setembro teve que acontecer para que viesse... a liberdade!
Mostremos valor constância, nesta ímpia e injusta guerra.
Sirvam nossas façanhas de modelo a toda à Terra.
Mesmo no meio de uma guerra cruel e desumana, era preciso manter os valores e os ideais. Coragem, brio, altivez, heroísmo. E que essas façanhas, esses grandes feitos, sirvam de sinuelo pra todos os pagos que lutam por liberdade.
É interessante que, talvez sem querer, mostremos esteja no presente. Dando a entender que a guerra ainda está em andamento.
Mas não basta pra ser livre, ser forte, aguerrido e bravo.
Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.
Para um país ser livre não basta apenas um poderio militar, ele precisa que o seu povo tenha e cultive valores virtuosos para não ficar nas mãos de tiranos. Além de saber lutar, tem que saber porque ou pelo que se está lutando.
Ter virtudes, ter consciência, saber aquilo que é correto, moral e direito é o caminho para ser a liberdade. Logo, a utilização da palavra escravo está no sentido figurado como o oposto da virtude.
Então esse é o Hino Rio-Grandense como é. As outras versões do hino terão vídeos especiais para elas, que logo estarão disponíveis aqui no canal do Linha Campeira.
Como bem podemos ver, a letra é uma grande ode à liberdade e ao resgate e culto aos feitos dos Farroupilhas no período da Revolução. Quando esta letra foi resgatada e apresentada em 1934, ela tinha uma estrofe a mais, que vinha depois do primeiro refrão e dizia assim:
Entre nós reviva Atenas, para assombro dos tiranos
Sejamos gregos na glória e na virtude, romanos
Esse trecho foi cantando entre 1934 e 1966. Depois foi removido após ampla discussão na Assembléia dos Deputados Gaúchos. Era um trecho que não era muito popular e não se compreendia direito, segundo relatos, na época já se cantava só o primeiro e terceiro versos com o estribilho.
Há quem diga também que os termos como tiranos ofendia o governo militar. Mas acredito que isso não tenha tido alguma influência.
Explicando este verso, Atenas sempre foi o símbolo da democracia. Os gregos antigos, além de amantes da liberdade, eram reconhecidos como atletas, artistas, filósofos e poetas. Já os romanos eram guerreiros imbatíveis.
Desta forma, se enaltecia a bravura dos farrapos, comparando-os com os pais da mitologia: gregos na glória, romanos na virtude.
Mas então a história e os sentidos da letra do nosso amado hino são esses. E que sirvam nossas façanhas de modelo à toda Terra.
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