Afonso Augusto Moreira Pena - Biografia

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Morreu de desgosto este homem, traído. Um homem de valor pessoal incontestável, como disse dele Ruy Barbosa, de acertos e iniciativas louváveis, mas na linha geral de condução do governo foi na direção de interesses que, à luz da história, não eram os mais recomendáveis. A realidade de seu tempo, a força das circunstâncias, arrastou o governo e o país, e dias piores viriam. O desgosto de Afonso Pena em seus últimos momentos não era sem fundamento.

Seu pai, Domingos José, chegara à América Portuguesa como militar, tomou gosto pelas montanhas de Minas Gerais, comprou terras na pequena Santa Bárbara e se fez produtor rural, tirando ainda algum ouro da propriedade. É do segundo casamento que lhe nasce Afonso, que o pai põe a estudar num colégio que era longe de tudo, mas para aquela família era perto: o Caraça, internato lazarista que formava com rigor os melhores homens da província. Afonso se destacou e dali seguiu para a faculdade de Direito de São Paulo, de onde em seu tempo saíam os mais preparados homens do Brasil, os doutores. Ali foi colega de Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco e Rodrigues Alves.

De volta à terra natal, começou a trabalhar como advogado e conheceu Mariquinhas, como ele chamava Maria Guilhermina, com quem se casaria em 1875, ele, aos 28; ela, aos 17. Foi uma paixão para a vida toda, que as cartas que ele lhe enviava quando ausente revelaram intensa. Consta ter sido um dos dois presidentes brasileiros fiéis à esposa. Outro foi Floriano Peixoto. Tiveram doze filhos. A lua de mel foi no Rio, em que foram recebidos pelo imperador Pedro II. Afonso nunca deixaria sua convicção monarquista, que ele fez militante como deputado do partido Liberal, tendo sido chamado para quatro ministérios diferentes e tomado assento no Conselho de Estado.

Sua contrariedade para com a mudança de sistema foi grande, chegou a se afastar da política, mas os mineiros o convenceram a voltar, candidato de todas as correntes, o primeiro governador eleito pelo voto popular na história do estado. Foi um governo curto, dois anos. Teve atritos com o então presidente Floriano Peixoto, a quem desprezava, mas Pena não aderiu aos movimentos armados que buscavam depor o supremo mandatário do Brasil. No governo Prudente de Morais, seria chamado a presidir o Banco da República, nome de então para o Banco do Brasil.

A presidência não viria assim naturalmente. A vaidade o moveu a se articular com Pinheiro Machado, injustamente apontado como Maquiavel da Primeira República. Injusto para com Maquiavel, um filósofo escrupuloso e um bom sujeito perto de Machado. Afonso Pena teve de aceitar uma imposição de véspera: aprovar na esfera federal o Convênio de Taubaté, onerosa intervenção estatal para fazer subir artificialmente as cotações do café, medida aprovada pelo Congresso, mas que Rodrigues Alves se negara a referendar porque era indecente, embora parecesse fazer algum sentido, dada a dependência da economia nacional em relação à renda proporcionada pela exportação do café, produto de que o Brasil detinha o virtual monopólio. O pacote de medidas incluía a manipulação do câmbio com viés protecionista, beneficiando a indústria, que receberia de Afonso outros incentivos, uma guinada em relação às políticas não intervencionistas dos três bons presidentes anteriores, a quem o mineiro admirava e o país devia a estabilidade das contas públicas, o respeito internacional e a paz interna e externa.

Entre a eleição e a posse como presidente, Afonso Pena, decerto inspirado em Pedro II, percorreu o país para conhecer melhor as realidades regionais. Foram 21 mil quilômetros de jornada que serviriam para entender como deveria direcionar recursos federais e, principalmente, para ganhar força política para compensar a prévia venda da alma ao senador gaúcho, que tinha o Congresso em suas mãos. Empossado no cargo máximo da República, fez questão de um ministério alinhado a seu pensamento, colocando nas pastas principais homens como Davi Campista, Tavares de Lira e o engenheiro Miguel Calmon, sobrinho homônimo do marquês de Abrantes, competentes, capazes de traduzir em atos o pensamento do presidente.

Deu início então a um ousado plano de obras, com reforma de portos e ampliação de linhas férreas e telegráficas. No Congresso, aos poucos foi formando e tornando majoritária a própria bancada, deputados e senadores que tratassem diretamente com ele, o presidente, não com Pinheiro Machado. A estratégia incluía a promoção à liderança de jovens parlamentares, logo apelidados de “Jardim de Infância” pela parte da imprensa crítica a Afonso Pena.

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