Diabetes gestacional aumenta risco e exige acompanhamento pós-parto | DOENÇAS CRÔNICAS

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Embora já atuasse no dia a dia em apoio a pessoas com diabetes, o diagnóstico em plena gravidez trouxe apreensão para a farmacêutica Ana Paula Miranda. "Quando me vi tendo que levar para casa tudo o que antes eu ensinava aos pacientes, como a insulina, foi um choque", relata.

O diagnóstico de DMG (diabetes mellitus gestacional) veio no início do segundo trimestre de gestação. A partir daí, conta, acabou por aumentar os cuidados. Fez mudanças na alimentação, adotou controle da glicemia e passou a usar insulina após indicação médica.

"Depois que meu filho nasceu, a alteração passou. Até que, depois de três anos, veio o diagnóstico de diabetes tipo 2."

Casos como o de Ana Paula têm sido comuns e levado mais médicos a buscarem informações de pacientes sobre o histórico da gestação. Isso ocorre devido ao risco maior, já demonstrado em estudos, de que parte das mulheres com diabetes gestacional desenvolva a doença de forma crônica —como o diabetes tipo 2— nos anos seguintes ao parto.

"O diabetes gestacional é o segundo fator de risco mais importante para desenvolver diabetes tipo 2. Só não é maior do que da obesidade grave. E esse risco aumenta de sete a oito vezes comparado com mulheres que não tiveram diabetes gestacional", diz Maria Inês Schmidt, professora da faculdade de Medicina da UFRGS e que pesquisa o tema.

Teoricamente, o diabetes gestacional não é uma doença crônica. "Mas é uma população de muito alto risco para isso", explica Patrícia Dualib, coordenadora do departamento de diabetes gestacional da Sociedade Brasileira de Diabetes. "Sabemos que, das mulheres com diabetes gestacional, 50% vão estar diabéticas cinco anos depois."

Atualmente, a prevalência de diabetes gestacional no país é estimada em cerca de 18%, ou uma a cada seis gestações, taxa que cresceu nos últimos anos.

Dados do Ministério da Saúde também mostram aumento nos registros de internações relacionadas ao DMG no país —de 27.594, em 2018, para 46.508, em 2022.

Especialistas atribuem o aumento na prevalência a diferentes fatores. O primeiro deles é uma mudança no critério de diagnóstico, o qual se tornou mais amplo em 2017 e passou a ser absorvido com mais força nos anos recentes.

Outro é uma melhoria no acompanhamento, com aumento no número de consultas de pré-natal realizadas no SUS e, também, no registro de pacientes atendidas.

O terceiro e o quarto aspectos são o aumento na idade materna ao engravidar e o avanço da obesidade no país —este último fator de risco para diabetes em geral, o que inclui também um de seus tipos: o gestacional.

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