Alecrim, bicarbonato de sódio, alho batido no liquidificador… A lista de receitas caseiras “milagrosas” para acabar com o odor vaginal é extensa. Basta “dar um Google” para as dicas pipocarem na tela. Agora, e se nós te dissermos que estamos fazendo a pesquisa errada? Calma, te explicamos: a vagina tem cheiros naturais e, inclusive, cada odor pode até indicar como anda o seu órgão sexual.
Na verdade, a história de buscarmos sumir com o cheiro nasce de uma questão cultural. “Nas farmácias pode se encontrar uma infinidade de produtos para mascarar o cheiro da vagina, mas alguém já viu por aí algum produto que mascare o cheiro dos homens?”, dra. Ana Roberta fala que aponta a desigualdade de gênero como principal causa da falta de aceitação dos órgãos genitais femininos e a suas características. “Mulheres crescem achando que não devem sujar a calcinha ou terem algum cheiro, porque isso é sinônimo de falta de higiene”, explica.
A vagina é um órgão como qualquer outro que temos no corpo e contém células que produzem secreções. “O ideal é que a mulher entenda e aceite que a secreção vaginal não é algo vergonhoso que precisa ser mascarado ou amenizado”, diz a doutora Roberta Gomes. Segundo ela, as mulheres devem produzir uma secreção chamada leucorréia fisiológica e que tem um cheiro característico, que pode mudar de aspecto ao longo do ciclo menstrual. Isso significa que o corrimento é algo esperado de se existir e totalmente natural.
O corrimento liberado pela vagina é resultado de secreções de glândulas, oriundas da reparação celular e bactérias da flora vaginal, os chamados lactobacilos. Estes são importantes porque mantêm o equilíbrio na região, impedindo infecções de bactérias ou fungos patógenos. “O cheiro é sutil e nada desagradável. Sempre faço uma comparação junto com as minhas pacientes: se a nossa boca tem glândulas que produzem secreção salivar então por que é esperado que a vagina não libere nenhum corrimento?”, questiona. O CHEIRO É O MESMO PARA TODAS AS MULHERES?
Não. Mas isso dava até para imaginar, né? Basta pensar que cada pessoa tem um cheiro único. Com a vagina, a regra é a mesma. Vale dizer que muitas coisas podem influenciar no odor das secreções, como diferentes métodos contraceptivos, medicações, hábitos alimentares e higiênicos.
Os períodos menstruais podem deixar o odor mais forte. Isso porque tanto a secreção fisiológica vaginal como o sangue proveniente da descamação da parte mais interna do útero se misturam. “O sangue da menstruação pode ter sofrido processo de necrose e decomposição dando-llhe um cheiro próprio. Mas isso também deve ser desmistificado, porque ambos são odores completamente naturais e não devem ser alvo de incômodo.”
Dra. Roberta Gomes salienta que nesta fase é importante o hábito da troca frequência do absorvente, principalmente o interno que se esquecido dentro da vagina pode causar um cheiro muito forte ou até infecções graves.
CUIDADOS
Sabe o que acontece quando buscamos mascarar ou tentamos de toda a maneira mudar nosso cheiro natural? A nossa saúde fica prejudicada. Para começar, esses produtos que alteram o odor da vagina podem causar irritação, além de mascarar possíveis infecções. “Também podem desequilibrar a flora vaginal, predispondo as mulheres a vaginoses bacterianas e candidíase ou até a DST’s como clamídia e gonorreia.”
Então quais os cuidados? É indicado usar sabonete neutro no banho. E nada de fazer duchas vaginas: “elas alteram o pH e a flora bacteriana”, diz a Dra. Roberta Gomes. Além disso, opte por calcinhas de algodão e evite os protetores íntimos diários. “Eles abafam a região da vulva e vagina e podem predispor a infecções, principalmente fúngicas”, completa Dra. Roberta.
QUANDO HÁ ALGO ERRADO?
Quando éramos crianças, víamos nossas mães se preocuparem com a cor ou o cheiro do nosso corrimento para saber se há alguma infecção. Depois, quando viramos adultas, somos nós quem passamos a policiar nossas calcinhas. E não há nada de errado com esse hábito, pois realmente, a mudança no cheiro, cor ou textura da secreção deve sempre ser investigada.
De acordo com a médica, quando o odor se torna muito forte, desagradável, algumas vezes lembrando cheiro de ‘peixe podre’, pode ser causado por uma infecção de uma bactéria ou protozoário. “Além do cheiro, a secreção vem acompanhada de uma alteração na coloração do corrimento (acinzentado ou esverdeado), com aspecto bolhoso e requer tratamento.”
Portanto, se a sua secreção estiver com aspecto de leite coalhado e você sentir ardência ou coceira, procure um médico, pois podem ser sinais de infecção fúngica por candidíase. SIgam a dra. Roberta no Instragram @draanarobertagomes
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