438 Dias

O filme 438 Dias mexe numa questão essencial: a liberdade de expressão. E esse assunto é supercomentado nos últimos tempos e sempre com muita polêmica - a luta por uma imprensa independente e livre. Não é um filme político e nem puramente uma história de prisão, mas sim um caso real que mostra muita coisa, que a gente até sabe, mas não com tantos detalhes que causam revolta quando a gente vê muita mentira, violação dos direitos humanos e um descaso diplomático que colabora para que as atrocidades de um governo autoritário sigam impunes, como é o caso da Etiópia, e como foi o pesadelo na vida de dois jornalistas suecos que vão investigar uma indústria de petróleo na África. O roteiro foi baseado no livro desses dois homens, um jornalista e um fotógrafo, que resolvem ir a fundo nessa investigação perigosa em 2011, quando partem da Somália e entram ilegalmente na Etiópia para denunciar essa tal indústria que atua em Ogaden, uma região extremamente violenta. Da simples brincadeira com armas até a prisão, passando pela captura no deserto, eles se tornam vítimas de uma grande armação do governo etíope que condena os dois por terrorismo a onze anos na prisão de Kality, um lugar onde absurdos acontecem. Aos poucos, a tensão vai aumentando, os recursos não vão dando certo, a solução parece distante e até duvidosa, porque ou eles pedem perdão e assumem que são terroristas, o que seria um fracasso ideológico, ou continuam apelando da sentença. A direção explora bem esse drama, mas sem exagerar, e até vai para um estilo documental que também agrada. É uma produção sueca que dá o recado usando bons atores e caprichando na técnica com locações interessantes e uma bonita fotografia.