O pastor e suas ovelhas
No Evangelho de João, capítulo 10, Jesus se apresenta como o Bom Pastor. Esta metáfora do pastor e das suas ovelhas penetrou profundamente na cultura cristã, a tal ponto que o título “pastor” é comumente usado para aqueles que lideram a igreja, mesmo que tenham pouca experiência com ovelhas reais.
A relação entre um pastor e suas ovelhas é profunda. O pastor conhece cada uma das suas ovelhas pelo nome e as ovelhas reconhecem a voz do pastor. Eles o seguem porque confiam nele para conduzi-los a pastos verdejantes e águas tranquilas. Da mesma forma, Jesus conhece cada um de nós intimamente e nos chama pelo nome. Ele deseja guiar e cuidar de nós, seu amado rebanho.
Conhecer e ser conhecido
Jesus diz: "Eu sou o bom pastor. Eu conheço o que é meu e os meus me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. E dou a minha vida pelas ovelhas" (João 10:14-15) . Este conhecimento e amor mútuo entre o pastor e as suas ovelhas é um reflexo da relação íntima entre o Pai e o Filho.
Assim como o Pai conhece o Filho, e o Filho conhece o Pai, Jesus conhece cada uma de suas ovelhas pelo nome. Ele conhece intimamente as nossas lutas, as nossas alegrias, as nossas necessidades mais profundas. E nós, por sua vez, podemos reconhecer a sua voz e segui-lo, confiando no seu cuidado e orientação perfeitos.
Reunindo as ovelhas perdidas
Jesus também diz: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. Devo trazê-las também, e elas ouvirão a minha voz. Assim, haverá um rebanho, um pastor” (João 10:16). Isto revela que a preocupação de Jesus ultrapassa as fronteiras de qualquer grupo religioso ou denominacional. Ele deseja reunir todos os que ouvirão e responderão à sua voz, quer pertençam atualmente ao seu “rebanho” ou não.
Ao longo da história, a igreja tem por vezes lutado para reconhecer e abraçar todas as ovelhas de Jesus. Temos a tendência de traçar limites, de rotular alguns como “insiders” e outros como “outsiders”. Mas a visão de Jesus é muito mais ampla. Ele vê e conhece todos os que são seus, independentemente de sua origem ou filiação.
Curando Nossa Cegueira Espiritual
A passagem em João 10 ocorre imediatamente após a cura do cego de nascença (João 9). Este milagre provocou um debate acalorado entre Jesus e os líderes religiosos, que não estavam dispostos a reconhecer a obra de Deus na vida deste homem.
De forma semelhante, às vezes podemos ser espiritualmente cegos, incapazes de reconhecer as ovelhas de Jesus para além dos limites da nossa própria compreensão. Podemos julgar e condenar aqueles que não se enquadram na nossa definição restrita do que significa ser um verdadeiro crente.
Mas Jesus nos chama a abrir os olhos e o coração, para ver como ele vê. Ele conhece suas ovelhas e elas conhecem sua voz. Nosso papel não é determinar quem pertence ao seu rebanho, mas seguir humildemente o Bom Pastor, permitindo-lhe guiar e cuidar de todos aqueles que ama.
Abraçando a ovelha ferida
Infelizmente, muitos foram feridos pela igreja, por aqueles que deturparam o coração de Jesus. Eles foram feridos por “mercenários” que procuraram explorar o rebanho em vez de cuidar dele com amor.
Como corpo de Cristo, devemos ser um lugar de cura e restauração para os feridos. Devemos resistir ao impulso de julgar ou condenar aqueles que foram feridos e, em vez disso, abrir os braços para recebê-los de volta ao rebanho. A nossa tarefa não é determinar quem pertence, mas reflectir fielmente a compaixão e a graça do Bom Pastor.
Conclusão
Jesus conhece as suas ovelhas e procura-as por toda a parte. Ele chama-nos a segui-lo, a confiar na sua voz e a juntar-nos a ele no trabalho de reunir e cuidar de todos os que quiserem ouvir e responder.
Peçamos ao Senhor que abra os nossos olhos, que abrande os nossos corações e que nos torne instrumentos do seu amor e da sua cura. Que sejamos um povo que reflita o coração do Bom Pastor, acolhendo e abraçando todos os que são seus, independentemente da sua origem ou filiação.
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