Dom João III de Portugal - Biografia

O pai, rei Dom Manuel, sabia das limitações do filho e herdeiro do Trono. Pediu que João governasse com os homens de Estado de confiança do pai. Mais por inércia do que por obediência, ele faria isso por algum tempo. Depois…

Quando nasceu, em 1502, já era herdeiro do Reino. O meio-irmão que nascera príncipe, Miguel, morrera antes de completar dois anos de idade. João veio ao mundo quando Portugal experimentava glória sem precedentes, a encantar e a assombrar toda Terra. Quando morreu, em 1557, deixou para trás um império mais vasto e mais sólido, contudo as bem-aventuranças do início do século tinham dado lugar a prognósticos sombrios quanto ao futuro da nação.

Dom Manuel I cercou o filho de bons professores e de moços fidalgos que pudessem bem servir o infante e lhe dar exemplo. Em 1516, João dispunha de casa própria, tendo como companhia Luís da Silveira e Antônio de Ataíde. A eles se juntaria Martim Afonso de Sousa. João de Barros também tinha o infante como amo. Em 1518, sua prima Leonor de Áustria estava prometida ao jovem João para um casamento em breve. Aos 16 anos, ele não só estava disposto a aceitar o arranjo como se apaixonou pela infanta de Castela nascida na Flandres. Mas teve a mulher roubada por Manuel, o pai, viúvo de Maria, a mãe de João. Manuel, aos 49 anos, engatava seu terceiro casamento, agora com Leonor, na exuberância dos 20 anos de idade, deixando o filho desolado. O então rei sabia que seu mais velho rebento não se rebelaria para além do resmungo, faltava-lhe o espírito. E para que João não suprisse a ausência de brios com os brios emprestados dos amigos próximos, Manuel mandou prender e exilou da Corte Luís da Silveira e Antônio de Ataíde.

Em 1521, morre Dom Manuel, e os amigos do novo rei, coroado João III, regressam, premiados pela lealdade demonstrada no episódio em torno de Leonor. Viúva, ela se recolheu ao convento de Xabregas para se dedicar à oração e a obras de caridade. O novo rei a visitava com frequência e se demorava nas visitas. Ninguém nunca saberia o que se dava ali, mas o povo torcia pelo jovem monarca e chegou a haver um clamor para que se casassem, afinal Leonor era saudável e fértil, tendo dado uma filha a Manuel I. João resolveu seguir solteiro por vontade dele, não por recusa dela, que se tornaria rainha consorte da França tempos depois, esposa de Francisco I.

Bem disposto, o rei recorria ao amigo Antônio de Ataíde para se encontrar com moças igualmente bem dispostas em espaços furtivos. Mas o Reino precisava de herdeiros legítimos, e seu primo Carlos, rei de Espanha e Imperador do Sacro Império, queria tirar de Tordesilhas a irmã Catarina de Áustria, que vivia confinada junto à mãe, mãe desprovida do melhor juízo. Catarina, a propósito, era a irmã mais nova de Leonor. A negociação envolvia ainda uma troca de princesas, com a irmã de João, Isabel de Portugal, passando à casa de Carlos como esposa. Catarina começou a morar no Paço da Ribeira, em Lisboa, em 1525.