QUEM FOI RUI BARBOSA

QUEM FOI RUI BARBOSA.

Rui Barbosa foi um destacado político, diplomata, advogado e jurista brasileiro. Ele representou o Brasil na Conferência de Paz em Haia (1907), onde defendeu com distinção a posição brasileira de igualdade entre as nações.

Rui Barbosa ficou conhecido como "O Águia de Haia". Além disso, foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, exercendo a presidência da instituição de 1908 a 1919.

Rui Barbosa de Oliveira nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Seu pai, João José Barbosa de Oliveira, era médico, deputado provincial e diretor da Instrução Pública da Bahia, enquanto sua mãe se chamava Maria Adélia Barbosa de Oliveira.

Desde os cinco anos de idade, Rui frequentava a escola e logo demonstrou habilidade para ler e conjugar verbos em poucos dias. Em casa, recebia lições de piano e prática de oratória. Apesar de sua juventude, era uma criança melancólica, dedicada aos estudos, e seu pai o incentivava a ler os clássicos da literatura portuguesa. Aos dez anos, já recitava poemas de Luís de Camões com destreza.

Em 1861, Rui Barbosa entrou para o Ginásio Baiano e, três anos depois, concluiu o curso de humanidades em primeiro lugar, sendo agraciado com uma medalha de ouro e fazendo seu primeiro discurso em público.

Com apenas 15 anos, começou a se preparar para estudar Direito, dedicando o ano de 1864 ao estudo do alemão, à leitura de juristas e às obras médicas de seu pai. Durante esse período, escrevia versos tristes e melancólicos.

Em 1866, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde se envolveu com a "Associação Acadêmica Abolicionista". Um conflito com um professor o levou a concluir seus estudos em São Paulo, graduando-se em Direito em 1870. Problemas de saúde o fizeram retornar à Bahia antes do previsto, devido a dores de cabeça e vertigens.

Após seu pai perder o emprego, Rui Barbosa trabalhou no Diário da Bahia com Manuel Pinto de Souza Dantas. Durante sua estada na Europa por seis meses, acompanhando a família de seu patrão, estabilizou sua saúde e cultivou uma longa amizade com Rodolfo Dantas, filho de seu empregador.

Durante seu exílio em Londres, escreveu uma série de artigos, incluindo uma notável defesa do capitão Alfred Dreyfus, no famoso caso que mobilizou a opinião pública global no final do século XIX.

Rui Barbosa retornou do exílio em 1895, reassumindo seu assento no Senado Federal e tentando sem sucesso organizar o Partido Republicano Conservador. Continuou sua luta pela anistia aos punidos durante o governo de Floriano Peixoto.

Em 1907, o presidente Afonso Pena designou Rui Barbosa para liderar a delegação brasileira na Conferência de Paz realizada em Haia, nos Países Baixos. Durante o evento, ele defendeu com veemência a posição brasileira sobre a igualdade entre as nações, apesar da resistência das potências dominantes.

Como representante dos países menores, envolveu-se em debates memoráveis com os delegados da Alemanha e do Reino Unido. Um dos resultados significativos da conferência foi a criação da Corte Permanente de Justiça Internacional, da qual Rui Barbosa seria um dos membros.

Ao retornar ao Brasil, Rui Barbosa foi aclamado por seu papel crucial na conferência. Foi honrado com o apelido de "Águia de Haia" e recebeu uma medalha de ouro do presidente da República em reconhecimento à sua contribuição.

Rui Barbosa, amplamente respeitado em todo o país, decidiu concorrer às eleições presidenciais de 1910 como candidato da oposição. Parecia não haver outro concorrente com condições de rivalizá-lo, porém o Marechal Hermes da Fonseca acabou vencendo com uma margem significativa de votos.

Em 1914, seu nome foi novamente lançado na convenção partidária para as eleições presidenciais, mas Rui Barbosa optou por retirar sua candidatura.

Em 1919, após a morte do presidente eleito Rodrigues Alves, que não chegou a assumir o cargo, Rui Barbosa lançou-se novamente como candidato, competindo diretamente com Epitácio Pessoa. Apesar de contar com o apoio do Rio de Janeiro e do Pará, foi derrotado mais uma vez nas urnas.

Rui Barbosa deixou um legado literário vasto, com mais de cem volumes entre artigos e discursos. Ele foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras e sucedeu Machado de Assis como presidente desta instituição. Além disso, possuía uma das maiores bibliotecas particulares do Brasil, composta por aproximadamente cinquenta mil livros.

Rui Barbosa faleceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, onde se recuperava de uma pneumonia, em 1º de março de 1923. Em 1949, seu corpo foi trasladado para a cripta do Palácio da Justiça da Bahia, agora conhecido como Fórum Rui Barbosa.

Sua residência no Rio de Janeiro, adquirida pelo governo, foi transformada na Fundação Casa Rui Barbosa, responsável por pesquisas e pela publicação de suas obras.


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