Lourandes - VIAGENS NOTURNAS

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E como sempre,
Maquiagem por Raffaela Almeida
João Guilherme Moreira na direção de fotografia também.

Gostaria de agradecer também ao Lelleo e à Anna Fonseca pelo trabalho espetacular e pela confiança!
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Capítulo 1: Fuga

Aos 14 anos eu decidi que a cidade que meus pais escolheram morar não era para mim. Eu percebi logo cedo que não me encaixava com o que as pessoas esperavam e que, em geral, eu sentia mais do que as pessoas da minha idade. Eu já tinha decidido me tornar artista, e fiquei feliz quando comentavam que era um caminho incerto. Não queria que as aquelas pessoas concordassem comigo, isso seria meu fim. Eu sentia que estava destinada a algo maior e mais corajoso, e eu passei a adolescência repetindo que de Minas Gerais, iria para São Paulo
e depois de São Paulo iria para Nova York.

Em 2020 voltei para a casa dos meus pais com o conforto de uma casa escura, grande e com a quietude que precisava. Ressignifiquei a cidade que hoje chega a ser 5x maior do que quando tínhamos nos mudado. As ruas continuam largas, porém são mais iluminadas e recebem mais carros e pessoas que não faço questão alguma de conhecer. Apesar da cultura das cidades pequenas, só comecei a apreciar o álcool durante o isolamento, e ele era a companhia perfeita para tentar apagar minha consciência durante os anos de pandemia.

E eu, apaixonada por clichês e com o apoio burro da bebida, um dia eu decidi fugir. Não levei muito porque não tinha muito, e só lembro que apaguei no banco do passageiro enquanto pegava o trânsito de saída da cidade. Acordava e dormia, e estávamos sempre na estrada. Escorava a cabeça no vidro do carro e pensava “Não posso esperar pra minha vida mudar... para as coisas serem diferentes”, e meus pensamentos intensos só pararam quando comer e abastecer o carro foi necessário. Quis fumar porque no posto fala que é proibido, mas me contentei com um salgado e uma coca. Quando cheguei numa cidade menor, e me atrevo dizer, mais infeliz, paguei 400 reais pelo final de semana em uma pousada com café incluso.

Na primeira noite choveu como se o mundo fosse acabar, não consegui dormir por causa do medo e da gastrite absurda que atacava. Cresci fraca e covarde, mas não o suficiente para voltar para casa. Sentia que estava numa experiência de quase morte, pois as luzes apagaram e só havia barulhos e iluminação de trovões e raios. Queria vomitar e ficava inquieta, tentei tomar remédio para ansiedade e para dormir, mas o efeito não escondia a queimação. Num momento apaguei, e acordei enrolada nos lençóis brancos quando já era dia. Os pássaros cantavam e parecia que a noite passada foi apenas um pesadelo bobo. Tomei café com olhos cansados e alertas.

Andei pela cidade, joguei sinuca e julguei as pessoas. Olhei pro céu, pra grama, para as estátuas que tinham algum significado que não me interessava, e decidi pagar 130 reais em um almoço e sobremesa de comida caseira e tradicional. A vida foi chata, não foi maior ou mais confortável. Detestava não só o que eu tinha, mas as decisões bestas que eu fazia. Me questionei o que estava fazendo ali e peguei um ônibus para voltar para casa.

Cheguei em casa e decidi beber.

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