Quanto tempo o óleo de silicone pode ficar dentro do olho? Pós cirurgia de descolamento de retina.

Quanto tempo o óleo de silicone pode ficar dentro do olho após uma cirurgia de retina. Aqui quem fala é o Dr. Mário Bulla, médico oftalmologista, especialista em retina, hoje vamos conversar sobre esta pergunta que aparece muito, tanto no consultório quanto aqui no Youtube.
Para lembrar, quando realizamos a vitrectomia, que é uma cirurgia utilizada para várias doenças da retina, principalmente o descolamento de retina, muitas vezes nós optamos no fim da cirurgia em preencher a parte posterior do olho com óleo de silicone, que é uma substância que serve para manter a retina no local correto o tempo suficiente para que ela cicatrize e não volte a descolar novamente. Quando a cirurgia tem uma boa evolução, ou seja, quando a retina fica bem colada no pós-operatório, geralmente deixamos o óleo de silicone dentro do olho entre quatro e seis meses, mas nada impede, por exemplo, remover o óleo de silicone com três meses, se o médico julgar que ele já realizou o seu trabalho, que é manter a retina colada até que ela cicatrize. Pelo contrário, quando achamos que existe um risco maior de a retina descolar, podemos deixar o óleo de silicone por mais tempo, em alguns casos até por tempo indeterminado. Existem algumas situações especiais, como casos onde o paciente desenvolve um glaucoma muito grave no pós operatório e precisamos remover o óleo de silicone antes do previsto, como um mês após a cirurgia, por exemplo, nestes casos pode-se optar por colocar gás que vai complementar a proteção da retina por mais algum tempo e é reabsorvido pelo organismo em cerca de dois meses. Uma pergunta que muitas pessoas fazem é se a presença do óleo de silicone pode trazer algum prejuízo para o olho. É claro, em alguns casos podem haver complicações. Há alguns anos apresentei um trabalho sobre isto no congresso da Sociedade Européia de Especialistas em Retina, que problemas podem acontecer quando o paciente fica com óleo de silicone por tempo indeterminado dentro do olho. Uma das complicações mais comuns, que é até esperada, mesmo quando se realiza a vitrectomia sem óleo de silicone é o aparecimento de catarata, mas este problema geralmente é resolvido com bom sucesso com a cirurgia da catarata. Existe um grupo de pacientes que pode desenvolver aumento da pressão intra-ocular com o óleo de silicone e em alguns casos pode desenvolver um glaucoma, na maioria dos casos este glaucoma é controlado com colírios, mas casos mais graves podem necessitar de cirurgia para remover o óleo de silicone. Outra complicação comum quando o óleo de silicone é a emulsificação do óleo, que é quando a bolha de óleo de silicone acaba se dividindo em múltiplas pequenas bolhas que tornam os meios opacos atrapalhando a visão e também podem migrar para a câmara anterior do olho causando glaucoma, quando o óleo fica muito emulsificado ele tem que ser removido e quando é necessário manter ele dentro do olho, deve ser trocado por um novo. Outra alteração muito comum com óleo de silicone dentro do olho é a hipermetropia, geralmente em altos graus, o que atrapalha a visão do paciente e dependendo do caso pode ser corrigido com troca de óculos, mas quando planejamos remover o óleo em um prazo determinado geralmente não recomendamos a troca do óculos pois o grau é alto e geralmente causa desconforto. Casos onde já se sabe que o óleo de silicone vai ter que ficar dentro do olho, pode-se optar pela colocação de óleo com viscosidade de cinco mil centistokes que é mais viscoso e tem menor tendência à emulsificação, não sendo colocado em todos os pacientes por ser mais difícil sua remoção. A remoção do óleo de silicone quando a retina está bem colada é relativamente tranquila, colocando-se os trocateres, sendo um por onde entra o soro chamado BSS e outros onde o óleo pode sair apenas pelo eveito da gravidade ou ser aspirado ativamente. Agradeço a todos que assistiram e até o próximo vídeo aqui no canal Retina e Vítreo. Lembrando que quando o óleo de silicone está dentro do olho é normal a visão ficar embaçada. Casos de descolamento de retina iniciais podem ser prevenidos com fotocoagulação a laser da retina, evitando-se a necessidade de cirurgia invasiva como a vitrectomia.

Este vídeo não substitui a consulta médica e tem apenas finalidade educativa.

Autor:
Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Especialista em Retina
www.clinicabulla.com.br
www.especialistaemretina.com.br

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